Artigo do jornalista Roberto Maciel
Jair Bolsonaro é um pervertido.
É portador de uma tara que compreende vontade de matar, ímpetos de mentir, arroubos de vaidade e muita, muita necessidade de parecer forte, invencível e destemido – além de uma obsessão sexual inquestionável. É algo que se condensa no “imbrochável” que cunhou para si. Tudo isso recende crueldade, desprezo à vida e às refração do bom senso, da naturalidade das coisas e da aceitação de um mundo plural.
Esse combo mazelento é, talvez, o que compartilha com maior eficiência e satisfação com os que o chamam de “líder”, “fuhrer”, “mito”.
Longe de mim, no entanto, posar de analista de botequim. Afinal, o caso do ex-presidente não é para palpiteiros – como me defino nesse particular -, mas para profissionais, se possível aqueles com mestrado, doutorado, pós-doutorado e que ostentam diplomas de PhD.
Isso posto, copio e colo trecho de matéria publicada no portal UOL, em 10 de maio de 2022.
“Morreu o índio e eles estão cozinhando, eles cozinham o índio, é a cultura deles. Cozinha por dois três dias, e vem com banana. Daí eu queria ver o índio sendo cozinhado, e um cara falou, ‘se for ver, tem que comer’, daí eu disse, eu como! E ninguém quis ir, porque tinha que comer o índio, então eles não me queriam levar sozinho, e não fui. Eu comeria sem problema nenhum. É a cultura deles. Eu me submeti a isso”.
Jair Bolsonaro ao jornal The New York Times
A fala completa está neste excerto de entrevista que Bolsonaro deu ao jornal norte-americano The New York Times.
Rapidamente Bolsonaro foi confrontado com a mentira que havia contado ao maior jornal do mundo.
Primeiro, porque não existe na cultura indígena da região do Surucucu, em Roraima, onde se concentram yanomamis, a prática da antropofagia. Depois, porque não há nos séculos XX e XXI registro nenhum de canibalismo entre povos originários.
Por fim, porque quem conhece minimamente a história indígena no Brasil – para isso, basta apenas ter frequentado a escola básica e ter alguma integridade moral – sabe que o canibalismo se dava em rituais de guerra, nos quais os guerreiros de tribos vitoriosas comiam os corpos de adversários acreditando que absorveriam força, coragem e valentia.
Sim, ficou claro mais uma vez que Jair Bolsonaro não passa de um mentiroso.
A rápida introdução acima pretende indicar aos leitores e às leitoras a patológica e amoral perseguição de Bolsonaro contra a nação Yanomami. A demonstração não se limita a projetos parlamentares com os quais investiu contra brasileiros em situação de vulnerabilidade, submetidos à violência e à fome. A ação legislativa do forte e treinado ex-capitão Bolsonaro em oposição a brasileiros fragilizados e oprimidos desde 1500 já seria demais, mas, para ele, não seria suficiente.
Bolsonaro, além do genocídio, queria comer os indígenas – sem figuras de linguagem; queriam mastigá-los, digeri-los e expeli-los.
Afinal, no deteriorado entendimento que tem das coisas, “a cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema em seu país”.