Marcos do Val e seu caráter são velhos conhecidos da Imprensa

Texto da jornalista Samanta do Carmo, coordenadora de Redação do site The Intercept BR:





A presepada protagonizada por Marcos do Val nos últimos dias tem seu lado cômico e é recheada de mentiras. Mas, não se engane, do Val precisa ser responsabilizado. Ele já passou impune em outra situação igualmente grave, não dá para aceitarmos que mais uma vez um dos agentes da extrema direita brasileira se safe da justiça.

Do Val é um velho conhecido do Intercept. Em 2021, ele entrou no nosso radar porque recebemos uma gravação de uma fonte anônima. Analisando o conteúdo, percebemos que ele provava que o senador trabalhou com o gabinete paralelo que orientou o uso de medicamentos e políticas públicas inúteis contra a covid-19. Em uma longa reunião privada, com políticos, médicos e empresários, o senador foi apresentado como o “padrinho político” da iniciativa.

Numa fala de quase dez minutos, ele afirmou que trabalhava para convencer autoridades para que adotassem o chamado kit covid, assim como para organizar a distribuição dos medicamentos. O senador mencionou tratativas dele com as Forças Armadas, governadores, prefeitos, o Ministério Público e a Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Marcos do Val é, portanto, um dos agentes diretamente responsáveis pela trágica política implementada pelo estado brasileiro durante a pandemia. Em um país sério, ele deveria responder por isso ao lado de personagens como Eduardo Pazuello, Nise Yamaguchi, Walter Braga Netto e, claro, Jair Bolsonaro.

O caso do senador é exemplar: a extrema direita atuou por quatro anos de maneira articulada para destruir políticas públicas, atacar o meio ambiente, povos originários e a democracia brasileira. O mesmo do Val que estava envolvido com um possível grampo ilegal de um ministro do STF, também estava na linha de frente da distribuição de remédios ineficazes para a população. Enquanto não forem punidos, eles não vão parar.


			

Deixe um comentário