Humilhado, xingado, cuspido e massacrado moralmente por adversários do Mais Médicos, cubano quer voltar ao programa de saúde

Do portal de notícias G1:

O médico cubano Juan Delgado foi xingado em 2013, ouviu gritos de “escravo” e “incompetente” quando desembarcou em Fortaleza para integrar a primeira versão do Mais Médicos. Após o fim do programa, optou por ficar no Brasil e agora encara o drama do desemprego com a expectativa de talvez ter nova chance de retornar à área onde atuou por mais de três décadas.

“Eu fiz medicina para ajudar pessoas e agora não posso mais”, afirma Delgado.

Agora com 59 anos, o cubano considera que a retomada e a reformulação do Mais Médicos no governo de Luiz Inácio Lula da Silva serão boas para “o povo brasileiro e os mais necessitados do Brasil”, e ainda uma chance para voltar à profissão enquanto não consegue revalidar seu diploma.

Apesar dos gritos e da cobrança de outros médicos que eram contra a permanência de estrangeiros que não tiveram seu currículo revalidado no Brasil, Delgado seguiu atuando por seis anos em Zé Doca, uma pequena cidade do Maranhão com cerca de 50 mil habitantes.

Chegou até a ser recebido pela presidente Dilma Rousseff durante um ato para celebrar a sanção do programa, mas com as mudanças políticas e de governo, viu a exceção que garantia sua atuação sem diploma revalidado ser bloqueada.

“Eu fiquei desempregado em 2018. Eu fiquei fazendo bico naquela época. Eu trabalhei com venda de produto natural. Foi muito difícil depois que fiquei sem poder atender. Eu estava com uma namorada e a família dela que me ajudou muito. Eu fui morar com ela porque não tinha onde morar e eles me ajudavam com necessidades básicas. Eu ganhava muito menos que um salário-mínimo com a venda dos produtos”, conta Delgado.

O aperto se estendeu até a chegada do coronavírus. “Fiz isso (venda de produtos naturais) até na pandemia, emergência de saúde, fazerem um contrato e me deixarem voltar. Fui contratado pelo Mais Médicos de novo em 2020. Agora, o contrato acabou em julho de 2022 e estou desempregado”, afirma Delgado.

“A gente fica triste. Sou médico há 30 anos. Ver um diploma, a dedicação de uma vida, muito tempo parado sem poder exercer a medicina. E muito difícil para a gente”, conta o médico cubano.

Ao g1, o cubano conta que já tentou revalidar o diploma por meio da prova do Revalida (Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira).

“Eu tentei três vezes. A prova tem muitas questões de especialistas, eu sou clínico geral. O modelo da prova também é muito diferente do que já fiz em exames. Não consegui até agora”, conta.

Na mais recente edição da prova, foram 1.960 inscrições de participantes de 28 nacionalidades.

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