Advogado reafirma acusações de achaque cometido por Sérgio Moro e apresenta fotos e gravações que comprometem senador e ex-juiz

Da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, com Cléo Guimarães, Bianka Vieira, Karina Matias e Manoella Smith:

O advogado Rodrigo Tacla Duran (foto ao lado), que trabalhava para a empreiteira Odebrecht , entregou à Justiça fotos e gravações que comprometeriam o ex-juiz da Lava Jato e o senador Sergio Moro (União Brasil-PR).

Os procuradores pediram que os documentos sejam preservados sob sigilo nível quatro, um dos mais restritivos.

Tacla Duran trabalhou de 2011 a 2016 para a Odebrecht e tem sido apontada pelo MPF como operadora financeira de esquemas da empresa. Desde então, ele vem fazendo uma série de emoções.

Em entrevista à Folha em 2017, Tacla Duran acusou o advogado trabalhista Carlos Zucolotto Junior, amigo e padrinho de casamento de Sergio Moro , de intermediar negócios paralelamente dele com a força-tarefa da Operação Lava Jato .

Segundo Tacla Duran, as conversas entre ele e Zucolotto envolveriam abrandamento de pena e diminuição da multa que deveria ser paga em um acordo de delação premiada.

O dinheiro da caixa dois, ainda segundo Duran, serviria para Zucolotto “cuidar” das pessoas que o ajudariam na negociação, que seria feita com a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

Embora não fosse acusado de nada, nem citado na denúncia, Sergio Moro tomou a frente da defesa de Zucolotto e reagiu de forma enfática.

Por meio de nota, também publicada na Folha , o então juiz afirmou: “O advogado Carlos Zucolotto Jr. é meu amigo pessoal e lamento que o seu nome seja utilizado por um acusado foragido e em uma matéria jornalística irresponsável para me denegrir”.

Na época, a força-tarefa de Curitiba também emitiu uma nota com onze parágrafos em que dizia “repudiar” como confissão de Tacla Duran contra o amigo de Moro.

No dia 16 deste mês, o juiz Eduardo Appio , da 13ª Vara Federal de Curitiba, decidiu revogar a prisão preventiva do advogado Rodrigo Tacla Duran .

A esperança se deu na esteira de uma decisão proferida nesta semana pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski , que suspendeu cinco processos da Operação Lava Jato que usaram provas comprovadas por delatores da Odebrecht.

As provas já haviam sido declaradas inválidas pela Segunda Turma do Supremo em 2021, em ação apresentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) .

Ao julgar o caso de Tacla Duran, o juiz Eduardo Appio citou uma decisão do tribunal superior e afirmou que a prisão preventiva é uma medida excepcional dentro do ordenamento jurídico brasileiro.

“A presunção constitucional é de inocência e não o inverso”, pontuou o magistrado. “O cidadão Tacla Duran, como qualquer outra pessoa, merece e tem o direito constitucional de receber do Estado brasileiro uma jurisdição serena, apolítica e republicana”, seguiu.

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