Bolsonaro entregou o patrimônio que tomou dos brasileiros a Nelson Piquet – isso é brincar com fogo

Bolsonaro, flagrado mais uma vez surrupiando joias do acervo da Presidência, e Piquet, condenado a indenizar Lewis Hamilton: precisam ainda de apresentações?

Artigo do jornalista Roberto Maciel

Há um dito popular que sentencia, de forma tão seca quanto questionada, que “a ocasião faz o ladrão”. Depara-se, aqui e ali, com um frequente contraponto: “a ocasião não faz o ladrão; o ladrão já está lá, pronto, só esperando a ocasião aparecer”.

Não é essa a questão, porém.

Afinal, onde estava com a cabeça o ex-presidente Jair Bolsonaro ao mandar esconder na fazenda do ex-piloto de corridas Nelson Piquet caixas com artigos de valor financeiro elevado? Os bens não eram de Bolsonaro; haviam, sim, sido desviados da Presidência da República de 2019 a 2022, quando recebeu “mimos” (ou sabe-se lá o quê) como estojos recheados de joias.

Bolsonaro não sabia que Piquet tem rolos quilométricos em diferentes instâncias do Judiciário – como, por exemplo, ter sido condenado a pagar R$ 5 milhões de indenização por ofensas racistas com as quais ofendeu o ídolo do automobilismo mundial Lewis Hamilton?

Bolsonaro acha que basta Piquet ter lhe servido como motorista do Rolls Royce presidencial que isso lhe confere crédito? Acha que bastava Piquet ter ameaçado o hoje presidente Lula de morte – “Lula lá no cemitério”, disse num vídeo que viralizou na Intenet – que merecia um atestado de probidade?

Entregar tão rico acervo a um sujeito tão enroscado com a lei, com tantas comprovações de desapreço pelo que é dos outros, não há de ser decisão segura. É o mesmo que brincar com fogo.

Bolsonaro está torturando os brasileiros ao confiar patrimônio tão precioso a qualquer um.

Isso não é nada joiado.

Deixe um comentário