Com o cenário mundial ainda em fase de retomada da economia devido às consequências da pandemia, somado à crescente alta da inflação global e da taxa de juros, as empresas já têm sentido dificuldades em relação ao cumprimento dos prazos de pagamentos, negociações com clientes e trato com fornecedores. A segunda edição do Relatório sobre Pagamentos no Brasil realizado pela Intrum, empresa europeia líder no mercado de cobrança, mostrou que 77% das empresas receberam pedidos para renegociar os prazos de pagamento para períodos maiores do que se sentem confortáveis nos últimos 12 meses e 70% concordaram. E entre os possíveis impactos do atraso de pagamentos, o crescimento da empresa (50%) e a ameaça à sobrevivência (41%) são os mais citados.
O estudo da Intrum, que tem como objetivo entender o comportamento de pagamento e o impacto na perspectiva de negócios das empresas, é publicado anualmente desde 1998 e começou a considerar dados específicos do Brasil no ano passado. A partir das declarações das 700 empresas de pequeno a grande porte entrevistadas, ficou perceptível que o comportamento em relação a pagamentos tem sido diferente em cada setor. Entre empresas B2B, por exemplo, cresceu de 11 para 16 dias a média de atraso nos pagamentos. Já nos negócios com setor público, a diferença foi ainda maior, de 13 para 20 dias entre 2021 e 2022.
“Neste cenário desafiador, as grandes empresas, por trabalharem com escalas maiores e terem uma margem de lucro mais confortável, conseguem melhores negociações com os fornecedores, o que as ajuda a oferecer descontos e condições de pagamento mais atrativas aos seus clientes. Já as pequenas e médias empresas tendem a aceitar prazos maiores de pagamento somente com a condição de aplicação de taxa extra”, avalia Ulisses Rodrigues, CEO da Intrum Brasil.
O impacto dos atrasos cai diretamente sobre as margens de crescimento das empresas: 54% delas consideram a diferença entre os prazos de pagamentos e a sua duração um risco para o crescimento sustentável do negócio. E, como em toda cadeia, os fornecedores também são afetados. Como consequência, a percepção por parte das empresas sobre o risco associado aos seus recebíveis se manteve alta, e 66% acreditam que o risco de atraso ou calote nos pagamentos irá aumentar nos próximos 12 meses.
Atualmente, 61% das companhias estão com dificuldades de pagar seus fornecedores em dia em razão da inflação. Entre 2021 e 2022, saltou de 47% para 56% a proporção de empresas que precisaram pedir para estender os prazos de pagamentos aos fornecedores em razão das incertezas macroeconômicas.
A gestão de recursos humanos também é outra grande afetada. Entre 2021 e 2022, aumentou de 47% para 60% a proporção de empresas que contratariam mais colaboradores em meio à antecipação dos recebíveis.
Apesar das consequências dos atrasos nos pagamentos, 60% das empresas declararam que reconhecem a necessidade de tornar o nosso negócio mais resiliente. Para elas, o foco deve estar em se tornar mais consciente a respeito do ambiente de risco e melhorar a gestão de dívidas.
Sobre o estudo
A Intrum publica, anualmente, o Relatório sobre Pagamentos na Europa desde 1998. Essa é a 2ª edição do Relatório para o Brasil, com foco em riscos de pagamento em uma escala nacional.
O relatório é baseado em uma pesquisa realizada simultaneamente em 29 países entre 17 de janeiro e 13 de abril de 2022. Na Europa, um total de 11.007 empresas, de 15 segmentos diferentes participaram da pesquisa. No Brasil, 700 companhias participaram do estudo, sendo 521 pequenas e médias empresas e 179 grandes empresas.
O conteúdo do relatório foi criado pela Intrum em parceria com a Longitude, consultoria especializada em serviços de pesquisa para empresas multinacionais e investidores, com sede em Londres, Inglaterra.