O suicídio da bolsominion Karol Eller: tragédia também reserva ironias

Artigo do jornalista Roberto Maciel:

Morreu quarta-feira à noite a influenciadora digital Karol Eller – bolsonarista radical que causava impacto em São Paulo. Era uma menina de apenas 36 anos de idade.

Cometeu suicídio, deixando mensagem – digital, não poderia ser diferente – nas redes sociais que mantinha. Tratou, ela mesma, de num só post chamar o Corpo de Bombeiros para atender a ocorrência que estava causando e pedir desculpas pelo ato às pessoas próximas.

Karol: arminha e camisa

Karol, prima distante da cantora Cássia Eller (1962-2001), não suportou a brutalidade da discriminação, da incompreensão e do isolamento social nem aguentou as sequelas da “cura gay” à qual se submeteu para “se livrar do homossexualismo (sic)”, tratamento recomendado por muitos pastores evangélicos, fanáticos religiosos e pseudocientistas, como se homossexualidade fosse doença.

Karol com Nikolas Ferreira, o fanático bolsonarista que filmou menina trans no banheiro de escola

Sim, existem ironias nesse cenário e nenhuma é engraçada.

A primeira é a estúpida aprovação em comissão da Câmara dos Deputados de proposta que extingue no País o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. O texto contraria os mais elementares direitos de cidadãos e, pelo (mau)caráter inconstitucional, tem-se avaliado em fóruns políticos e jurídicos que não se sustentará.

A outra é a revelação de que o filho mais novo do ex-presidente Jair Bolsonaro, Jair Renan, teve relacionamento homoafetivo com o ex-assessor Diego Pupe.


Feroz e violento personagem homofóbico, Jair Bolsonaro se construiu politicamente como perseguidor de minorias – costumava agredir militantes LGBTQIA+ até com pesadas cusparadas e, mesmo sendo parlamentares, como o ex-deputado Jean Willis, não recuava diante de barreiras éticas ou protocolares.

Karol e Bolsonaro: “prefiro que filho morra num num acidente”

Pausa para frase de Bolsonaro: “Seria incapaz de amar um filho homossexual. Não vou dar uma de hipócrita aqui: prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí. Para mim ele vai ter morrido mesmo”.

E se não morrer? Jair Bolsonaro mesmo declarou, em outra ocasião: “Se o filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um couro e ele muda o comportamento dele”.

Outra pausa, ligeira, agora para mostrar mensagem de Renan a Diego: “Eu te amo, cara. Não termina comigo por conta disso. Já que não quer transar comigo, agora vem querer terminar, porra? Vamos dar uma rapidinha antes da minha mãe acordar. Vem aqui no meu quarto, para de show, por favor”.


Karol Eller nunca foi militante do movimento LGBTQIA+. Na verdade, era adversária. Repudiava e atacava quem erguia bandeiras e vozes em favor da igualdade, do respeito, da inclusão. Mais: elogiava quem perseguia e combatia as articulações em defesa da pluralidade e da diversidade sexual. O lado rancoroso da vida já a havia feito ser denunciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, em 2020, por calúnia, porte ilegal de arma de fogo e lesão corporal.

Um mês atrás ela, ao retornar de um retiro religioso, anunciou ter “renunciado à prática homossexual” e “aos vícios e desejos da carne”.

@voce…sabe

Influencer Karol Eller renuncia prática homossexual após conversão. A influencer e ativista política Karol Eller, anunciou que tomou algumas decisões após sua conversão. Em um vídeo publicado nas redes sociais, ela disse que irá deixar a prática homossexual e outros VlCI0S. Nos últimos anos, Eller ganhou destaque por seu engajamento político e por sua relação próxima com a figura do ex-presidente Jair Bolsonaro.

♬ som original – Você Sabe?

Karol Eller é uma vítima do ódio e do bolsonarismo que ela mesma pregou.

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