Por Roberto Maciel, editor do portal InvestNE:
Tem se perdido um bom tempo desde o início da semana passada para discutir o caso do “humorista” Leo Lins, um tipo asqueroso que se especializou no estilo “politicamente incorreto”. Alegando ter liberdade de expressão, faz piadas com grupos sociais vulnerabilizados por alguma circunstância – do racismo estrutural ao desrespeito institucional ou à má-formação cultural. E ganha dinheiro com isso, acredite. A foto acima o mostra tentando fazer graça com a AACD, entidade que atende e dá proteção a crianças com deficiência.
Ele é um subproduto do mau-caráter fascista que vem corroendo os alicerces da sociedade. Os textos que produz equivalem a zombar de pessoas que morreram sem ar na crise da covid-19. Quer ser a antítese do modelo bem-comportado, respeitador, plural, diverso que os politicamente corretos querem ser. Leo Lins não existiria se, na década de 1970, atacasse militares. Ou milicianos, hoje em dia. Mas aí é questão de coragem, não de maus‐bofes.
Como escrevi, é tempo que se perde: Leo Lins, que bom!, foi condenado pela Justiça a oito anos e três meses de cadeia por propagar discursos preconceituosos. Coisa de quem torna o ódio, a humilhação alheia e o escárnio meios de ganhar a vida. Se tudo correr bem, vai poder fazer chistes com “mongoloides”, “macacos” e “mães de marginais” para a sorridente turma da penitenciária. Vai ser bacana vê-lo, corajoso que é, diante de uma galera que não tem muitos motivos para rir.
Veja só que legal: Leo vai poder falar o que pensa e o que acha sobre minorias para um público cativo – literalmente cativo -, que não tem opções de lazer e que terá muito tempo para dedicar atenção ao texto “criativo” do gaiato. Há de ser muito divertido para essa plateia nova e sequiosa por atrações do porte de um inteligente e espirituoso fazedor de pilhérias, figura que encanta nos palcos de bares e teatros e na TV.
Mas pode ser que não. Heterossexual, filho de classe média, lourinho, pele bem branquinha, olhos claros, sem problema de fala, sem dificuldades de locomoção e de cognição, livre do HIV positivo e sem ser mulher, Leo Lins reúne muitas condições que fazem a festa e a alegria de muitos novos colegas de hospedagem. Imagine o tantão de piadas vai se poder fazer com ele…
Para saudar o engraçado que é, deixamos para nojo de muitos essa demonstração até curta do potencial que ele tem a apresentar no xilindró.
Aproveite, Leo! Uma temporada de emoções lhe espera! Você pode se apaixonar. Esperamos que nunca mais esqueça desses e de futuros momentos.