A ONG Greenpeace Brasil alerta que, dois anos após a crise humanitária na Terra Indígena Yanomami, o garimpo continua avançando dentro do território. Dados do monitoramento mais recente da organização mostram que, entre julho e setembro de 2024, 50 hectares de novas áreas de garimpo foram abertos na região, o que representa um aumento de 32% em relação ao mesmo período de 2023. Ao todo são 4.123 hectares de garimpo monitorados pela organização dentro da TI.
Mesmo com as ações do Governo Federal, como destruição de maquinário e acampamentos, há novas frentes de garimpo, especialmente no sul do território, sobrepondo-se ao Parque Nacional do Pico da Neblina. Esses dados refletem que as políticas de fiscalização e monitoramento territorial na região não impedem que a atividade ilegal busque estratégias para se manter presente no território. O impacto do garimpo ilegal vai além do desmatamento, pois causa a contaminação dos rios com mercúrio, compromete a soberania alimentar e perpetua episódios de violência.

Sobrevoo do Greenpeace Brasil e ISA em dezembro de 2022 identificou escavadeiras perto de
estrada ilegal na Terra Indígena Yanomami. (Valentina Ricardo/Greenpeace Brasil)
Grégor Daflon, porta-voz da Frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil, destaca a necessidade da efetiva estruturação de políticas públicas permanentes de saúde, educação, monitoramento territorial e soberania alimentar dentro do território Yanomami.
“O Plano de Ação proposto pelo Governo Federal precisa contar com a participação ativa e contínua das lideranças indígenas no planejamento, monitoramento e na execução das ações. A dinâmica ilegal do garimpo se reorganiza, se reestrutura e abre novas fronteiras de destruição dentro da Terra Indígena Yanomami, conforme apontamos. Somente uma presença contínua e integrada do Estado, fortalecimento de órgãos de fiscalização como o IBAMA e FUNAI e participação das lideranças na implementação deste plano, podem garantir a segurança e o bem-estar do povo Yanomami”, destaca Grégor.