Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (16.4), o governo chinês evitou confirmar a suspensão da compra de aviões da Boeing por companhias aéreas do país, conforme noticiado um dia antes pela agência Bloomberg. Ao ser questionado sobre o assunto, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, preferiu desviar o foco e fez elogios à Embraer, reforçando a disposição de Pequim em manter laços comerciais com o Brasil, relata a Folha de S. Paulo.
“Gostaria de salientar que o Brasil é um importante país da aviação, e a China atribui grande importância à cooperação prática com o Brasil em vários campos, incluindo a aviação”, afirmou Lin Jian, ao comentar a relação entre os dois países no setor.
Na terça-feira (15), após a publicação da matéria da Bloomberg, as ações da Embraer tiveram forte alta na Bolsa de Valores de São Paulo, refletindo a expectativa de que o eventual recuo chinês em relação à Boeing possa beneficiar a fabricante brasileira.
Em outro momento da entrevista, o porta-voz chinês rebateu as declarações recentes do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, que, em visita à Argentina, qualificou os investimentos da China em países emergentes como “vorazes”.
“O funcionário dos EUA fez essas observações na América Latina”, comentou Lin Jian. “Permitam-me salientar que a China empreende uma cooperação prática com os países da América Latina e do Caribe com base no respeito mútuo, na igualdade e no benefício mútuo, o que impulsionou muito o desenvolvimento socioeconômico nos países e foi bem recebido e elogiado por eles”.
O porta-voz também foi duro ao criticar o histórico da presença americana na região: “a intimidação e a pilhagem de longa data dos EUA deixaram a América Latina com veias abertas, e os EUA não estão em posição de apontar o dedo para a cooperação entre a China e os países”.
A embaixada da China em Buenos Aires também reagiu, classificando as declarações de Bessent como uma “calúnia maliciosa”. O episódio evidencia a crescente disputa entre Pequim e Washington por influência na América Latina, com o Brasil assumindo papel estratégico na aproximação com o gigante asiático, especialmente em setores-chave como a aviação civil.