Artigo do jornalista Roberto Maciel:
Especialistas em depilação anal, que têm como hors concours o alegre deputado cearense André Fernandes (PL), até podem se dizer capazes de contestar o saber popular que ensina que “quem tem c* tem medo”, alegando questões de mercado. No entanto, não apareceu ninguém ainda para se habilitar a questionar o dito.
E, enquanto ninguém se atreve a desfazer aquilo que já está feito, fica valendo o que parece ter peso de lei: “quem tem c* tem medo”.
O ex-presidente Jair Bolsonaro, que se dizia “imbrochável” e “imorrível”, mas que só conseguiu mesmo foi se tornar (e se mostrar, por isso) inelegível, está aí para provar que tem c* como todos e que tem medo como quase qualquer um: foi parar na embaixada da Hungria em Brasília, como se tentando mendigar asilo político, conforme descobriu e espalhou mundo afora o jornal The New York Times – dos EUA, país para o qual o “mito” batia continência mansa e docilmente ao dar com os olhos numa bandeira.
Medroso.
Vali-me de uma adaptação modesta de versos do compositor Herbert Vianna para o título deste artigo. Admito que não ficou dos melhores, mas me defendo lembrando que fazer poesia com o nome de Bolsonaro não é para qualquer metido a escrevinhador.
Mas é possível falar também de Lula. O presidente do Brasil passou 580 dias preso em Curitiba, sem culpa formada e colocado na vitrine do mais descarado lawfare praticado pelo então juiz Sérgio Moro e o então procurador Deltan Dallagnol, dois celerados que se vendiam como paladinos da justiça. É com ele que explico o quase grifado algumas linhas acima.
Lula teve oportunidades de tentar driblar a cadeia determinada pelos planos de poder de Moro e Dallagnol. Muitas. Houve quem – e cito entre esses o ex-aliado político Ciro Gomes – falasse na época em colocá-lo numa embaixada e daí transplantá-lo para a segurança de um asilo político na Europa.
O “nine”, como chamavam chulamente os doutos procuradores da “república de Curitiba”, recusou firmemente qualquer discussão que fosse sobre esse tema. Dizia que enfrentaria o que o ameaçasse, que provaria não ser culpado daquilo que a Operação Lava Jato lhe impingia.
Escapar, como hoje se suspeita do que faria Bolsonaro, era-lhe fora de propósito, seria como confessar culpa – mesmo que fosse para se defender à distância.
Sem pausa, podemos mais uma vez voltar a Bolsonaro sem largar de Lula.
Foi do ex-presidente que o presidente atual talhou uma imagem à perfeição: “é um covardão”.
Disso, hoje, ninguém pode mais duvidar. Nem os experts em depilação anal.