O presidente Lula fez uma defesa enfática da importância dos bancos públicos para o desenvolvimento econômico e social do país, ressaltando que, em seu governo, só o Banco do Brasil (BB) e a Caixa Econômica Federal têm mais créditos disponibilizados do que os três maiores bancos privados do país.
“Por que isso? Porque o sistema financeiro brasileiro, ele não está preocupado em fazer investimento na produção, no setor produtivo, ele está preocupado em especular. É por isso que a taxa de juros fica 10,5% sem nenhuma explicação, sem nenhum critério”, disse, em entrevista à Rádio Meio, em Teresina (PI).
Lula viajou ao Piauí para anunciar uma série de investimentos no estado. Na entrevista, conduzida pelo jornalista Ari Carvalho, a importância dos investimentos públicos foi um dos vários temas tratados.
Os números do governo federal demonstram com clareza que o protagonismo dos bancos públicos foi retomado com Lula. As operações de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da CEF e do BB para investimentos nos estados em 2023, por exemplo, superaram a soma dos quatro anos anteriores.
Em operações de crédito, no ano passado, foram R$ 32,1 bilhões em 16 estados e R$ 24,3 bilhões em 805 municípios de 25 estados. Por exemplo, o BNDES aprovou operações com os estados de São Paulo, Pará, Mato Grosso do Sul, Ceará, Santa Catarina, Espírito Santo, Maranhão e Sergipe, totalizando R$ 18,2 bilhões.
Também em 2023, a CEF aprovou operações de crédito no estado de Pernambuco, totalizando R$ 2,3 bilhões. Já o Banco do Brasil aprovou as operações no Distrito Federal e em Pernambuco, no total de R$ 700 milhões.
Entre os objetivos dos investimentos, a área de saneamento recebeu maior operação de crédito, com R$ 15 bilhões, seguida por mobilidade, com R$ 13,2 bilhões; infraestrutura urbana, com R$ 10,1 bilhões; multieixos, que inclui transportes, infraestrutura urbana e social, com R$ 5,5 bilhões; e transportes, com R$ 3,9 bilhões.
Mais uma surpresa do PIB
Na entrevista, Lula falou sobre o papel dos bancos públicos ao destacar que “as coisas estão acontecendo no país”, em referência à série de avanços que têm sido registrados na economia. Ele voltou a afirmar que, em 2024, o crescimento do PIB do Brasil vai novamente superar as previsões dos analistas e dos adversários do governo.
“Veja, nós já aumentamos o salário mínimo dos dois anos, nós já fizemos isenção do imposto de renda para as pessoas que ganham quase até três mil reais, nós já tivemos o crescimento da massa salarial de 11,7%, 85% dos acordos feitos pelos trabalhadores brasileiros são com ganho real de aumento acima da inflação, o PIB cresceu o triplo daquilo que os adversários diziam que ia crescer, e vai crescer mais esse ano. Nós somos o segundo país a receber investimento externo direto. E nós temos a consciência de que as coisas estão acontecendo”, afirmou.
Lula acrescentou: “Eu estou muito tranquilo. Eu te confesso uma coisa: já fui presidente outras vezes, eu nunca tive um momento de certeza com o Brasil como eu tenho agora. Eu quando vejo a pessoa falar ‘o Brasil vai crescer um pouco, mas, entretanto’, porque eu não sei o que é entretanto. Não existe a palavra entretanto. Nós vamos fazer acontecer nesse país, porque é necessário que aconteça”.
Nesse ponto, ele destacou as oportunidades que se abrem ao Brasil com a transição energética, em razão do grande potencial do país em fontes de energia limpa.
“Essa questão da transição energética é uma benção de Deus para colocar o país no lugar em que ele está, porque ninguém consegue competir com o brasil nessa questão de transição energética, eólica, solar, biomassa. Nós já temos 90% de energia limpa e mais hidrogênio verde”, afirmou.
Nesse sentido, Lula também citou a importância do Novo PAC no esforço de recuperação do país. “É um trilhão e setecentos bilhões de reais para investimento até 2028 entre público e privado. Não é uma coisa só pública. Só para o Nordeste o PAC prevê setecentos bilhões de reais de investimento. E eu tenho muito orgulho, porque em qualquer cidade que eu chego, em qualquer estado, eu digo em qualquer público: eu duvido que, em algum momento da história, para o estado do Piauí alguém deu mais dinheiro do que os governos Lula e Dilma”, assegurou.
“Esse é o meu jogo”
Durante a entrevista, Lula foi perguntado se pretende vetar o projeto que libera cassinos e jogos de azar, em caso de aprovação da proposta pelo Congresso Nacional.
“Eu não aposto, eu não sou favorável a jogo, não sou favorável, mas também não acho crime. Se no congresso for aprovado e for feito um acordo entre os partidos políticos, aprovado sem nenhuma exceção, não tem porquê não sancionar. Agora eu acho que não é isso que vai resolver o problema do Brasil, essa promessa fácil de que vai gerar dois milhões de empregos, de que vai desenvolver não sei o quanto, não é verdade”, disse.
“Então o que eu acho é o seguinte, a minha missão é o seguinte: o meu jogo agora é isso, o meu jogo é fazer a economia brasileira voltar a crescer. O meu jogo é fazer muito investimento no ensino profissional, no ensino técnico, nas universidades e no ensino fundamental. Meu jogo é fortalecer a escola de tempo integral no Brasil inteiro. Meu jogo é gerar emprego, aumentar salário, distribuir renda, porque é isso que deixa o povo feliz. É esse jogo que o povo tem que apostar e é esse jogo que o povo vai ganhar, porque esse país vai devolver ao povo o prazer e o orgulho de ser brasileiro”, acrescentou.
Lula disse ainda que “logo esse ódio que está estampado em muiita gente aí, ele vai desaparecendo, vai para a lata do lixo, e as pessoas vão voltar a se tratar com respeito”.