Artigo do jornalista Roberto Maciel:
Peço longe de mim, todos os dias, o tempo todo, rancores e ódio. Apesar de julgá-los naturais e humanos, busco distanciar-me desses sentimentos negativos e aproximar-me dos mais positivos. Ruindade, enfim, é um troço que enche o saco.
Isso posto, venho nos últimos dias refletindo sobre dois tipos de temporais diferentes. O primeiro é desses que desabaram sobre o Rio Grande do Sul, atingindo também parte do Paraná e de Santa Catarina.
O outro é o desabamento de torrentes de raiva – vindas justamente dos nacos do Brasil de onde, em outubro de 2022, se vomitavam as piores pragas contra nordestinos e se pregavam separar a região do resto do Brasil.
Recuemos no tempo então: em outubro de 2022, gente “branca e diferenciada” do Sul do País, que havia votado em Jair Bolsonaro e em tudo o que ele representa, atacava verbalmente os nordestinos que, distintamente, tinham optado por Lula e garantido a eleição do petista para a Presidência da República.
Aí a gente viu coisas assim, como a dessa advogada:
E a dessa empresária catarinense:
Esse influenciador gaúcho, sem peias na língua, chama o Nordeste de “Merdeste”:
Veja só: o Nordeste, sobre o qual a violência dos temporais do ódio bolsonarista deixou um rastro de ameaças, está agora juntando alimentos, água e roupas para doar aos irmãos brasileiros que estão passando por privações no outro lado da Nação.
O humorista Whindersson Nunes, piauiense, é um exemplo. Ele conseguiu, sozinho, arrecadar mais de R$ 1,5 milhão para doar aos sulistas como cestas básicas.
A Arquidiocese de Fortaleza, da Igreja Católica, está mobilizando fieis para ajudar os que agora precisam.
O destino é maluco e acaba fazendo a sorte despontar, com raios de esperança, de entre as nuvens do azar: ainda bem que o Sul tem o Nordeste para ampará-lo com solidariedade e respeito.