Artigo do jornalista Roberto Maciel, editor do InvestNordeste:
O senador Eduardo Girão (Novo) tem disparado impiedosas rajadas de críticas ao STF pela descriminalização do porte de pequenas quantidades de maconha. É – sempre foi – radical opositor à liberação das drogas. Nos anos 2000, uma entidade subalterna a ele até pagou anúncio em jornais com uma pergunta contundente: “E se o professor do seu filho der aula ‘lombrado’?” O ataque pegou tão mal que precisou-se suspender o anúncio e passar uma esfumaçada temporada esquecido do assunto.
As manifestações de Girão e alinhados têm não apenas o objetivo de afrontar o Poder Judiciário, para o qual ele defende uma “CPI do Lava-Toga” como forma de punir magistrados que, de um modo ou de outro, divergem daquilo o que pensam e querem.
O outro foco das críticas é o eleitorado. O senador está de olho no Paço Municipal de Fortaleza – já se lançou pré-candidato a prefeito, mas não conseguiu emitir sequer um sinal que o sintonize com o eleitorado de extrema-direita, objeto do desejo dele. Lançar no mar político essas mensagens é uma estratégia – tosca, reconheça-se, mas sempre uma estratégia.
Note-se que o parlamentar é também notório defensor da criminalização do aborto em qualquer circunstância – o que põe mulheres que engravidaram vítimas de estupro na alça de mira do rifle conservador que ele ostenta. Tudo isso é público, uma vez que Girão tornou essas posições (assim como uma esdrúxula pregação contra o bilionário norte-americana George Soros) bandeiras do mandato que exerce.
E a única vantagem para o cidadão é justamente essa: “tudo é público”.