Por Roberto Maciel, editor do portal InvestNE:

Quando Adolf Hitler ascendeu ao poder em 1933, já de olho na guerra mundial que deflagraria em 1939, o primeiro alvo em que mirou não foi a diversidade étnica europeia. Não voltou o ódio que manejava contra judeus, negros e ciganos. Apontou, sim, na direção do “perigoso” e “subversivo” conhecimento.
É o mesmo que faz agora Donald Trump, único presidente da história dos Estados Unidos a declarar guerra ao ensino. O primeiro alvo é a tradicional e mundialmente prestigiada universidade de Harvard.
Hitler atacou, inicialmente, a legislação que regulava o ensino. O nazista acreditava que, dominando universidades e escolas de todos os níveis, afastando professores e controlando e doutrinando alunos, poderia alcançar a alma da inteligência alemã, moldá-la como lhe interessava.

É o mesmo que agora faz Trump, manobrando no campo dos decretos para implementar restrições e penúria a Harvard.
O mesmo havia feito Benito Mussolini na década anterior à das ações de Hitler, praticamente criminalizando a educação.
E tudo isso foi o que fizeram os gorilas da ditadura militar inaugurada no Brasil em 1964 com a posse do cearense Humberto Castelo Branco como presidente do País.
Foi o mesmo que fez Jair Bolsonaro nos quatro anos que passou no governo brasileiro. Primeiro, cortou verbas para o ensino – com foco especial nas universidades. Depois, diminuiu dramaticamente os recursos repassados aos entes federados que cuidam da educação. Por fim, pôs em marcha um plano de desgastar a imagem das instituições do setor.
Bolsonaro pôs uma matilha nas ruas, com acesso a meios de comunicação, para mentir, mentir e mentir. O primeiro ministro da Educação que nomeou, um certo Abraham Weintraub, discípulo do falso filósofo Olavo de Carvalho, foi instruído para espalhar a fake news de que havia plantações intensivas de maconha em campi e que laboratórios de cursos de química e farmácia produziam drogas sintéticas.

Depois, diante do fracasso da intentona com Weintraub, pôs um aliado que diplomas falsos no currículo – a tramoia foi logo descoberta e a posse do economista Carlos Alberto Decotelli terminou abortada.
Por fim, de fracasso e fracasso, Jair Bolsonaro colocou um pastor evangélico para ditar regras na educação e, de quebra, receber propina em ouro. Milton Ribeiro passou pouco tempo no cargo e teve de ser posto para correr.
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O passado e, agora, o presente mostram o quanto é necessário respeitar, estimular e apoiar o conhecimento. O quanto é vital valorizar as luzes sobre as trevas, dar vida ao debate e à pesquisa, à informação qualificada e à ciência.

Se destruir universidades e escolas é um objetivo para o fascismo, que lembrem os democratas: investir na inteligência continua sendo o mais eficiente caminho para a igualdade social, para o compartilhamento de riquezas e direitos e para o desenvolvimento de uma nação.