Roberto Maciel: “Triste Fim de Ciro Gomes, muito pior do que o de Policarpo Quaresma”

Por Roberto Maciel, editor do portal InvestNE:

1 – “Bolsonaro é um picareta, bandido, que corrompeu os filhos e as mulheres”. 
2 – “O Bolsonaro só é valente até a hora que a gente encara ele; conheço o Bolsonaro, isso é um frouxo de longa data. Picareta, frouxo, bandido. Esse filho dele (Flávio, senador RJ) comprou a mansão de R$ 6 milhões uma hora dessas. Significa sabe o quê? Na cabeça dele, eles compraram as instituições. E está funcionando para eles”. 
3 – “Roubar dinheiro de joias só mostra o nível de degradação, de avacalhação da liderança brasileira. Mas, isso não é surpresa nenhuma. Ninguém quis dar bola, mas na campanha eleitoral eu mostrei, já na de 2018, depois na de 2022 de novo, notas fiscais em que Bolsonaro roubava gasolina de gabinete de deputado, na circunstância em que eu era companheiro dele, na mesma legislatura”. 
5 – “Quem votou no Bolsonaro pela obra do Bolsonaro? Ele não tinha obra nenhuma. Quem conhecia o Bolsonaro como eu, que fui contemporâneo dele como deputado federal, sabia: Bolsonaro roubava o dinheiro da gasolina, roubava o dinheiro de funcionário fantasma, o nome da funcionária era Natália, e eu tenho aqui os documentos, por isso é que ele não me processa. O Bolsonaro é isso, uma grande mentira”.

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Por aqui basta, as frases acima, pronunciadas naquele estilo apoplético e valentão muito peculiar, são do ex-prefeito de Fortaleza, ex-governador do Ceará, ex-deputado federal, ex-ministro da Fazenda (tucano) e da Integração (lulista) e sempre presidenciável Ciro Ferreira Gomes, uma espécie de mutante que troca de partido e de ideologia quando lhe dá na (pouca) telha. Apontam, com o dedo firme e em riste, o que acha do ex-presidente, inelegível e réu no STF Jair Bolsonaro.

Mas Ciro encontrou nos últimos anos o termo de uma carreira na qual foram-lhe dirigidos numerosos elogios por intervenções inteligentes e corajosas que havia tomado.

Talvez o mais emblemático atestado de óbito da alma política de Ciro Gomes não tenha sido emitido por ele, mas por bolsonaristas como o deputado EAD André Fernandes (PL) e a médica-cloroquinista Mayra Pinheiro. Isso é o que se supõe ser mais doloroso para quem, por muitas vezes, tentou se aproximar do progressismo e até se apresentou como persona de ideias avançadas, libertárias, justas e íntegras, um sujeito avançadinho que dizia querer se tatuar, botar brinco e tocar saxofone.

Os seguidores do “mito” sugerem que Ciro seja candidato, de novo, ao Governo do Ceará – agora, sabe-se, sem o guarda-chuva camarada do bilionário Tasso Jereissati.

A recente avalanche de elogios e esperanças dos bolsominions que desabou sobre Ciro Gomes mostra que algo mudou substancialmente. E denuncia que alguém perdeu a vergonha na cara.

Foi Ciro ou o bolsonarismo? Ou foram os dois?

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Policarpo Quaresma, personagem do genial Lima Barreto (1831-1922), era, na ficção do escritor, major do Exército. É um anti-herói meio maluco e cultivador de ideais inaplicáveis. Patriota, não se dá bem no que faz ou diz. Nunca.

Ele entra aqui neste texto mais para dar um charme ao título, mas, pensando bem, pode ser que não.

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