O segmento de insumos para a construção civil deve crescer em média 6% ao ano e chegar ao fim de 2027 com aumento de mais de 20% no faturamento, movimentando anualmente cerca de R$ 270 bilhões. É o que aponta estudo de mercado da Redirection International, assessoria de fusões e aquisições, realizado a partir de modelos econométricos e dados oficiais de investimento da construção civil previstos para o período. O faturamento do setor em 2023 foi de R$ 222,8 bilhões.
O economista Gabriel Loest Cardoso, sócio da Redirection International e um dos responsáveis pelo estudo, ressalta que se essa taxa de crescimento se concretizar, será 50% maior do que a média global esperada para os próximos anos, que é de aproximadamente 4% ao ano. “Apesar de ter registrado uma redução real de 2,8% no faturamento no ano passado em relação a 2022, segundo informações da Anamaco, o mercado de insumos para a construção civil ainda segue otimista e 62% dos empresários pretendem investir ao longo de 2024, de acordo com a sondagem realizada pela ABRAMAT no início do ano”, explica o economista. “Além disso, após dois anos consecutivos de queda na demanda, a indústria de cimento espera retomar o crescimento neste ano também”, complementa.
Entre os fatores que devem impulsionar o segmento estão a redução na taxa de juros e menor volatilidade nos preços de produtos, a expectativa de crescimento da indústria de construção civil, crescimento do setor imobiliário com projeção de aumento no volume de crédito e o fortalecimento de políticas públicas de moradia popular como o Minha Casa Minha Vida, PAC, Casa Paulista, Pode Entrar e Casa Fácil Paraná, por exemplo. Além disso, tendências como construção ecológica, eficiência energética e reformas devem ajudar a fortalecer esta alta.
O estudo aponta ainda que a retomada do setor pode impulsionar as atividades de fusões e aquisições que, de um modo geral têm sido mais desafiadoras no setor nos últimos anos, em função das características da indústria como baixas margens e baixas barreiras à entrada e facilidade na substituição de produtos. Porém, alguns subsetores do ramo de insumos para a construção civil como a indústria intermediária, com produtos de maior valor agregado, apresentam um grande potencial com estrutura de consolidação verificada. Gabriel Loest Cardoso destaca que o mercado já tem observado uma atividade mais intensa de operações envolvendo a indústria de argamassas, tintas, adesivos, selantes e soluções químicas para a construção civil, inclusive com players globais buscando entrar no mercado brasileiro.
“Enxergamos que grandes players estão diversificando para atuar tanto na indústria intermediária quanto em bens de consumo. Algumas transações já foram realizadas e eles continuam ativos à procura de incrementar suas participações em território nacional, como por exemplo a Sika, a Saint-Gobain e a Votorantim. Empresas com proximidade com grande mercado consumidor, sólida governança e novas tecnologias para formulação de produtos são bons alvos para as consolidadoras do mercado. O posicionamento geográfico possibilita trabalhar a competitividade por meio de fusões e aquisições, já que a regionalização é um fator importante na relação insumos-indústria e o que em geral incentiva esse tipo de operação”, afirma Gabriel Loest Cardoso.