Tecnologia, que será testada na usina de Pecém I, pode reduzir emissões entre 20% até 45%
A Universidade Estadual do Ceará (Uece) e a Energia Pecém assinaram memorando de entendimento (MoU) para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) na produção de carvão híbrido a partir da biomassa de coco. O projeto, com previsão de duração de 24 meses, será liderado, na Uece, pela professora Mona Lisa Moura, coordenadora do Laboratório de Conversão Energética e Inovação (LCE+) da Universidade, e contará com investimento inicial de R$ 2,5 milhões da Energia Pecém. A pesquisa também envolverá profissionais, pesquisadores, alunos de graduação e pós-graduação vinculados à Uece e ao Instituto Desenvolvimento, Estratégia e Conhecimento (Idesco).
O carvão híbrido, ou biocarvão, é um insumo energético mais sustentável, constituído a partir de resíduos da biomassa do coco. O foco da parceria entre a Energia Pecém e a Uece será a avaliação da queima associada entre o biocarvão e o carvão mineral para a geração de energia. A pesquisa visa ainda avaliar o uso do biocarvão produzido a partir de resíduos de esgoto pelo processamento termoquímico do lodo de estação de tratamento de esgoto.
O projeto terá doze etapas a serem executadas, envolvendo desde a viabilidade técnica, econômica e ambiental até a tecnologia demonstrada em ambiente operacional nas instalações da usina com a substituição do carvão mineral por carvão sustentável de forma gradativa.
O reitor da Uece, professor Hidelbrando Soares destacou o caráter de inovação e a importância da construção de redes para o projeto. Para ele, “parcerias como essa fortalecem toda uma cadeia produtiva e social, o estado como um todo, que é o nosso principal objetivo. E nós nunca fazemos isso sozinhos. A transição energética é um desafio de todos nós. Quando vemos pesquisas dessa natureza, apresentando uma proposta para contribuir com o processo em uma estrutura de produção de energia tão significativa como essa, reduzindo o impacto da emissão de carbono, fica claro que estamos diante de uma pesquisa e vanguarda”. O reitor destacou ainda as ações que vêm sendo realizadas no projeto Descarboniza Uece, em que se discutem possibilidades para descarbonização na Universidade.
“A Universidade Estadual do Ceará (Uece) participa dessa parceria através do Laboratório de Conversão Energética e Inovação (LCE+), vinculado aos Laboratórios Associados de Inovação e Sustentabilidade (LAIS) da Universidade. Entendemos que o projeto contribui para além da iniciativa de descarbonização da térmica, ampliando a capacitação de recursos humanos especializados na área no estado do Ceará”, complementa Mona Lisa Moura, coordenadora do Projeto e professora da Uece.
“Essa nova tecnologia produzirá novos combustíveis sólidos mais sustentáveis, os chamados “Carvões Híbridos”, que podem reduzir a emissão de CO2 na faixa de 20% a 45% como combustível da usina termoelétrica de Pecém I”, afirma Carlos Baldi, presidente da Energia Pecém. “Esse projeto vem para contribuir ainda mais para a redução de emissões na Pecém I, que vem sendo pioneira em diversos projetos em prol de uma transição energética mais justa e de menor impacto, e mostrando quão estratégica é a geração de energia a partir de fonte termelétrica”, diz.
O Brasil é o maior produtor de coco da América do Sul, com uma produção superior 2,7 milhões de toneladas do fruto no ano de 2022. O Ceará é o maior produtor nacional. São geradas mais de 2 milhões de toneladas de resíduos anualmente. Cerca de 70% do lixo gerado nas praias do Nordeste é composto por cascas de coco verde, material de difícil degradação.
O projeto fruto da parceria entre a Uece e a Energia Pecém busca atuar não somente na redução de resíduos de biomassa vegetal da região, mas também explorar o potencial energético desse material. A matéria-prima virá da região, a partir de uma operação logística aperfeiçoada.