Bancários lutam por fim de metas abusivas e assédio moral no ambiente de trabalho

Bancários lutam por fim de metas abusivas e assédio moral no ambiente de trabalho

Do coletivo jurídico Rede Lado:

Dados alarmantes mostram que os bancos são responsáveis por 1,5% do total de afastamento por doenças no Brasil. Em 2022, a categoria foi, sozinha, responsável por 25% dos afastamentos por acidente e 4,3% dos previdenciários, mostrando que a busca pelo cumprimento de metas abusivas têm cobrado caro da saúde dos trabalhadores e trabalhadoras do setor.

Os números foram apresentados na última semana pelo Comando Nacional dos Bancários para a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), durante a Campanha Nacional Unificada.  “A saúde mental é uma prioridade e não pode continuar sendo sacrificada em nome de lucros. Só em 2023, os cinco maiores bancos do país lucraram 108,6 bilhões de reais. Mas, apesar do montante, nesse mesmo ano fecharam mais de 600 agências e demitiram mais de 2 mil funcionários. É uma lógica predatória, que visa o máximo de lucro, reduzindo o quadro de trabalhadores e sobrecarregando os que seguem contratados e que se submetem à gestão adoecedora, com medo de perderem seus empregos”, pontua a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.

O adoecimento ligado à gestão por metas foi tema de uma nova rodada da mesa de negociações entre o Comando Nacional do Bancários e a Fenaban dentro da Campanha Nacional dos Bancários 2024 para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). As reivindicações dos trabalhadores sobre o tema se concentram em quatro eixos que buscam o equilíbrio na definição e na gestão das metas, combate ao assédio moral, humanização no atendimento a trabalhadores que acionam o INSS para afastamento por doenças e direito à desconexão, para que bancários não tenham que participar de reuniões ou recebam mensagens fora do horário laboral.

Bancos negam dados

Enquanto os dados colhidos com a categoria pelo Comando Nacional mostram que 67% têm preocupação constante com o trabalho; 60% cansaço e fadiga constante; e 53% se sentem desmotivados e sem vontade de ir trabalhar; a Fenaban nega que as informações são suficientes para comprovar que os casos de adoecimento mental estão ligados à atividade do trabalho bancário.

“Inúmeras pesquisas mostram essa correlação entre trabalho e saúde mental. Além disso, decisões judiciais, movidas pelo Ministério Público do Trabalho ou pelos próprios bancários, têm condenado os bancos por assédio moral e pressão por resultados. Também auditoras fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego, em inspeções nos locais de trabalho, constatam essa relação”, rebate Mauro Salles, secretário de Saúde da Contraf-CUT.