A linha que separa o que é verdade e que é falso é uma realidade diária para quem trabalha no combate às fraudes. No entanto, mesmo os mais experientes do setor podem ser surpreendidos pela crescente sofisticação dos golpistas.
Seja por ligação, mensagem ou e-mail, qualquer pessoa pode ser vítima de golpes financeiros – até mesmo um cientista de dados que trabalha com análise de fraudes, como Bastian Flores. Recentemente, ele quase caiu em um golpe da Falsa Central. Bastian é consultor sênior de análise de fraudes na BioCatch, empresa especialista na detecção de fraudes digitais e prevenção de crimes financeiros por meio de inteligência biométrica comportamental. Em seu trabalho, ele lida diariamente com fraudes e golpes, conhece as metodologias usadas e os canais por onde acontecem.
Porém, ao receber uma ligação telefônica supostamente do banco em que é cliente, ele quase se deixou levar. “Trabalhando todos os dias na linha de frente como combatente de fraudes, não há um golpe ou ameaça que eu não tenha visto. Minha profissão me tornou uma pessoa cética em relação a cada mensagem de texto, telefonema ou e-mail que recebo – muito mais do que o consumidor comum”, conta Bastian.
Durante a ligação, que realmente parecia ser autêntica, ele notou alguns sinais que indicavam que seria um golpe. Ao invés de desligar, decidiu explorar os métodos do fraudador e entrou na brincadeira, seguindo os passos solicitados. “Compartilhei minha tela com muita relutância, pois eu tinha de conhecer o roteiro deles (fraudadores). Depois de me fazer passar por várias páginas e tentar me confundir, fui parar em uma página que exigia uma senha. Esse é o clássico momento em que eles roubam a senha do usuário e eu só então eu desliguei o telefone”, pontua Flores.
A desagradável experiência do cientista de dados da BioCatch destaca a astúcia dos fraudadores e seus conhecimentos avançados de processos bancários. A combinação de detalhes autênticos, como discurso com abordagem profissional e tempo de espera prolongado entre os processos, ilustram a evolução das fraudes bancárias.
Brasil tem visto grande aumento de golpes bancários
A experiência de Bastian é uma pequena amostra de um quadro muito mais amplo e que aponta para a realidade das fraudes bancárias na América Latina: 33% dos casos de todo o mundo estão concentrados apenas na região – abrangendo países como o Brasil, México, Chile e Argentina, segundo a pesquisa Tendências de Fraudes Bancárias Digitais na América Latina, publicada em setembro de 2023 pela BioCatch. Se falarmos apenas de Brasil, somo líderes em golpes financeiros, com 32% de todas as ocorrências na América Latina, de acordo com o Panorama de Ameaças de 2023 na América Latina, publicado pela Kaspersky, que registrou 1,8 milhões de tentativas de anomalias.
Para Cassiano Cavalcanti, diretor de pré-vendas da BioCatch, as inúmeras tentativas de golpe são um lembrete claro de que, mesmo para especialistas, a vigilância constante é crucial. “A educação e a conscientização são nossas melhores defesas contra esses esquemas cada vez mais convincentes. Manuais de segurança, campanhas de conscientização e ferramentas tecnológicas interativas são ações importantes que os bancos apontam na luta contra possíveis fraudes”, aponta o executivo.
Entenda mais sobre os principais golpes bancários:
- Falsa Central: os criminosos ligam para o cliente como se fossem funcionários do banco. Em uma das abordagens, informam sobre uma transação e, quando o consumidor nega que a tenha realizado, solicitam dados bancários para corrigir o problema.
- Clonagem do WhatsApp: a vítima recebe uma mensagem de alguém que acredita conhecer, pedindo dinheiro emprestado e os dados bancários – e na verdade, o contato original foi clonado por criminosos.
- Autorização de dispositivo: os criminosos ligam para a vítima agindo como se fossem do banco. Apresentam um problema e, para solucioná-lo, precisam que o cliente digite um código de liberação para aquele dispositivo móvel ou compartilhem a tela ou prints/fotos da tela com dados. Dessa forma, invadem o aparelho aplicando o golpe financeiro.
- Contas laranjas: tipo de fraude financeira onde os criminosos utilizam contas bancárias em nome de terceiros (“laranjas”) para realizar operações ilegais, como lavagem de dinheiro, desvio de recursos, ou transferências fraudulentas. Esses terceiros podem ser cúmplices ou vítimas que tiveram seus dados pessoais roubados.
- Golpes de pix: no Brasil, os bancos relatam que 70% dos golpes são provenientes de transações por pix, segundo o levantamento da BioCatch. Atualmente é o meio de pagamento mais utilizado, alcançando 122 milhões de pessoas e 10 milhões de empresas, o que amplifica as chances de um golpe acontecer.
Para mais informações sobre como se proteger contra fraudes bancárias, acesse o site da BioCatch.