André Fernandes, um homem de 26 anos que se comporta como criança birrenta (ou “Quando o limitado e infantil ‘porque não’ vira resposta política”)

André Fernandes, um homem de 26 anos que se comporta como criança birrenta (ou “Quando o limitado e infantil ‘porque não’ vira resposta política”)

Artigo do jornalista Roberto Maciel, editor do portal InvestNE:

O deputado federal André Fernandes, bolsominion filiado ao PL, não é menino.

É homem feito, já. Tem 26 anos de idade e isso deveria impedi-lo de agir como se fosse criança birrenta, mas não o impede.

Menino era quando se expôs publicamente no YouTube “ensinando” como raspar a região anal. Ou quando simulou estar cheirando cocaína. Ou quando montou uma estranha e mal-ajambrada história de um exemplar da Bíblia largado na Praça do Ferreira. Ou quando tosquiou as laterais do bigode e se fotografou num gesto típico de nazistas. Ou quando colocou uma mesa e uma cadeira na porta da Assembleia Legislativa do Ceará, fazendo de conta que estava trabalhando.

Longe de ser um “enfant terrible”, pelo menos na concepção clássica atribuída a gênios jovens, cabem mais a ele as pechas de mal-educado e de mal-instruído. Sim, família e professores miseravelmente fracassados, certamente foi isso o que André Fernandes teve.

E como se pode chegar a essa conclusão?

Simples: a falta de argumentos políticos, teóricos e técnicos desse parlamentar que quer ser prefeito de Fortaleza, ameaçando submeter a cidade ao caótico, fanático, atrasado, corrupto e desinteligente bolsonarismo, assim exclama de peito aberto.

Tive hoje (14.8, quarta-feira) de ouvir, mais por dever de ofício do que por curiosidade, a cansativa fala de André Fernandes numa entrevista de rádio. Eu não deveria, mas me espantei com as torrentes de bobagens expressas entre múltiplas ideias toscas. Nada se conecta com nada. Tudo se perde de tudo. Estava ali o mais completo extrato do vazio, do desconhecimento da cidade, do desprezo à racionalidade, do martírio da história. Estava ali o sumo da inabilidade política.

O candidato, incapaz de usar corretamente as palavras e mesmo de se desvencilhar das inócuas perguntas de uma bancada morna, manteve-se à distância da lógica. Chegou, a anunciar – veja só! – como “secretária de Saúde” a médica Mayra Pinheiro, vulga “capitã cloroquina”. Justamente a co-responsável pelas políticas da gestão passada no trato da pandemia de covid-19. Disse até que ao fim do primeiro turno da disputa eleitoral informaria publicamente a equipe de auxiliares que vai nomear, posto que já se considera eleito prefeito.

Em mais de uma ocasião meteu um “e ponto” no fim de uma resposta, como se estivesse tascando ali um infantiloide “porque sim”. Pretensamente autoritário, deixou os interlocutores silenciosos diante da afirmação vaga e sem aprofundamento de que vai “diminuir o tamanho” da máquina pública municipal.

André Fernandes, assim como a cavalgadura que atende por Jair Bolsonaro, é a prova de quanto é alto, mas necessário, o custo da Democracia. Marcha para de ser tomado não como novidade, mas como um limitado com ideias limitadas.