Roberto Maciel: “Eleger um aventureiro… Pode isso, Arnaldo?”

Artigo do jornalista Roberto Maciel, editor do portal InvestNE:

População de rua em Fortaleza: Sarto não cuidou; André saberia cuidar?

Com texto certeiro, o jornalista e sociólogo Arnaldo Santos trouxe aos leitores do InvestNE na última terça-feira artigo com o título “Um ecossocialismo para Fortaleza – Menos urbanismo, mais social“.

Tratam-se de observações tão pertinentes quanto equilibradas sobre os bravios mares de irresponsabilidades em que agora se afoga a sociedade: “No próximo domingo, teremos a responsabilidade de exercitar a cidadania política e escolher os vereadores, bem como o prefeito que vai governar a cidade pelos próximos quatro anos. Tal exige de cada um de nós que façamos isto com muita seriedade e consciência político-social, a fim de evitarmos aventuras ante as opções disponíveis”.

Seriedade e consciência político-social são as chaves da reflexão de Arnaldo.

O autor rechaça uma prática corrente, iniciada e impulsionada nos anos de 2013 e 2014. É a de debochar da política e das instituições democráticas, com achaques e falas violentas, desprovidas de inteligência e qualidades morais (e, de resto, de qualquer qualidade), posta em curso por nomes como Olavo de Carvalho (falsário que se dizia “filósofo”), Jair Bolsonaro (outro falsário que se dizia deputado federal) e MBL (um ajuntamento de jovens falsários alucinados com a ideia de chegar ao poder).

Naquele cenário caótico e repleto de oportunistas, um opaco youtuber do Interior do Ceará ganhou também projeção. Chamava-se André Fernandes. Revelando-se um reacionário tão jovem quanto radical, guinou da baboseira pouco criativa de canais juvenis para a política e conseguiu ser eleito deputado estadual e federal. Deixou de falar e encenar besteiras e passou a fazer e protagonizar besteiras.

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Voltemos a Arnaldo: “Habitamos uma cidade complexa e com um agudo índice de iniquidade entre as capitais do País, pela alta taxa de concentração de renda, e onde, em ultrapasse à carência monetária pela ausência de renda de mais de um milhão de pessoas, ainda ostentamos a pior de todas as pobrezas, consubstanciada no analfabetismo formal, e funcional, em razão da pouca escolaridade de uma parcela significativa da população, somada à míngua de qualificação de parte da nossa mão de obra, resultando em baixa produtividade e dificuldade de inserção no mercado de trabalho”.

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Mais: “Com o objetivo de transformar Fortaleza em uma cidade melhor para se viver, não é demais sugerir e cobrar do futuro prefeito, e dos vereadores, uma ação fundada no conceito de ecossocialismo, pois, à medida que a crise climática avança, a desigualdade social se agrava mais ainda, razão por que todos temos o dever de observar e executar os objetivos para o desenvolvimento sustentável”.

O articulista prossegue, anotando o perigo e dando nome aos bois: “Diante de uma realidade tão perversa a que está submetida grande parte da nossa população, ao extenso da história, asseguramos que não basta debater urbanismo, simplesmente, porém, há que haver motivação social. Para conter e evitar que essa tragédia se agrave ainda mais, é imperioso que façamos uma alargada reflexão sobre o tamanho da nossa responsabilidade político-social, para que não cometamos o maior erro eleitoral da história da ‘Loura e desposada do sol’, ante a ameaça que nos ronda nessas próximas eleições, com um candidato malcheiroso, que atende pela sugestiva alcunha de rapacu!”

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Além da análise de conjuntura, Arnaldo ressalta o caráter irresignado de uma cidade que tem expressão histórica indiscutível: “Impõe-se que façamos um resgate histórico-político da coragem, ousadia, da consciência, bem assim do grau de politização do cidadão e cidadã fortalezenses, quando, em 1985, elegeram Maria Luiza Fontenele (PT) preeita de Fortaleza, a primeira mulher a governar uma capital, na história do nosso País”.

É fato: a cidade que elegeu Maria Luiza há quase quase 40 anos a primeira prefeita de capital do País, valorizando pioneiramente a mulher nas cenas política, administrativa e social, corre neste 2024 o risco de dar muitos passos atrás se escolher o aventureiro André Fernandes, o youtuber sem siso nem responsabilidades de poucos anos atrás, para o cargo de prefeito. 

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Arnaldo Santos finaliza, então: “Uma cidade que pariu homens com a bravura dos nossos jangadeiros, que zarpam em suas jangadas a vela o ano inteiro, sob o sol e o luar, desbravando os verdes mares bravios dessa terra ensolarada, inspirando as nossas maiores expressões artísticas, como  Fagner, Belchior, Ednardo, Fausto Nilo, dentre outros, percorrendo milhas e milhas em poesias, e letras de belas canções, realçando suas belezas e o valor da sua gente, saberá votar com responsabilidade, e não cederá espaço para qualquer aventureiro capaz do cometimento de toda delinquência, como repetidamente mostrado pela televisão”.

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Está posto: não há o que acrescentar nem suprimir.

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