A nova geração de humoristas também entrou na briga. Leo Suricate, influenciador digital e co-criador do Suricate Seboso, está entre os mais engajados, aproveitando sua audiência jovem e numerosa para criticar as propostas de Fernandes e cobrar posicionamentos mais alinhados com os interesses populares. O envolvimento político não é novidade, Leo chegou a ser candidato pelo PSOL a deputado estadual em 2022 e já cobrou o presidente Lula por política pública para a juventude. Nestas eleições destaca-se também o valioso papel de Moisés Loureiro, que além de humorista e ator tem experiência no mercado publicitário, sabendo como e onde atingir seu público. Com seu humor afiado e de teor político, revisitou seu espetáculo “Não Vote em Mim” para adaptar as críticas à atual disputa, reforçando o papel do humor como espaço de resistência e denúncia. Haroldo Guimarães, apesar de ser um crítico frequente do PT, expressou publicamente sua decepção com o apoio de Roberto Cláudio ao candidato de extrema direita, destacando a incoerência de um médico infectologista apoiar um político identificado com o negacionismo científico. Sua fala expôs as divisões que surgiram até mesmo entre aqueles que antes caminhavam juntos em defesa de valores democráticos.
Mateus Cidrão, comediante e roteirista, trouxe uma abordagem diferente ao tratar do passado de André Fernandes. Conhecido por seu humor ágil e focado no cenário político, Mateus, apoiador de Ciro Gomes e seus aliados, gravou vídeos ainda durante o primeiro turno nos quais ironizava as polêmicas do passado de Fernandes como youtuber, transformando seus erros em piada. Ao ver o apoio tácito do cirismo ao fascismo, Cidrão embarcou para Paris e deve estar aguardando o fim do pleito para lançar um material novo. No entanto, nem mesmo Mateus Cidrão, com todo o seu talento para reverter o temeroso futuro de uma possível gestão de Fernandes em Fortaleza.
Tom Cavalcante, uma das maiores referências do humor cearense, optou por satirizar apenas as eleições paulistanas, enquanto a dama do humor Rossicléa, personagem da progressista Valéria Vitoriano, também mantêm distância do debate direto, talvez preocupados com as repercussões no ambiente empresarial do humor e as conexões com o Sudeste. As represálias de seguidores extremistas podem resultar na perda de oportunidades e sobretudo para Valéria, cujo empreendimento impulsiona jovens talentos, um boicote poderia prejudicar outros humoristas. Com o segundo turno se aproximando, a presença dos humoristas cearenses no debate político reflete o impacto da cultura local no direcionamento das discussões eleitorais. Em um Ceará que sempre foi referência de riso e criatividade, o humor se consolida como uma ferramenta poderosa de conscientização e engajamento, tornando-se uma peça fundamental na defesa de uma Fortaleza mais inclusiva e plural. Durante a “triste era Bolsonaro”, como falava meu colega Joaquim de Carvalho, o riso se transformou em um ato de resistência, desarmando o extremismo com inteligência e leveza. No cenário eleitoral de Fortaleza, o humor se tornou uma arma poderosa em uma batalha épica contra o fascismo.