“Quem procura osso é cachorro” – fala nojenta de Bolsonaro confronta a dor e a alegria dos brasileiros (Ou “Cala a boca, estropício”)

Artigo do jornalista Roberto Maciel, editor do portal InvestNE:

Acompanhei, madrugada adentro desta segunda-feira, a entrega de prêmios da 82a. edição do Globo de Ouro – uma das referências mundiais da indústria cinematográfica. Eu era um entre muitos numa torcida verde-amarela. Acabei misturando a minha enorme alegria de ver a brasileira Fernanda Torres vencer na categoria “Melhor Atriz – Drama” com a lembrança de uma fala repulsiva do então deputado federal Jair Bolsonaro, o carcinoma moral que viria a ser presidente da República. Peço perdão a mim, peço perdão aos leitores por incluir a figura abominável e inelegível neste momento feliz.

Depois de amanhã, no 8 de janeiro, serão lembrados e mais uma vez repudiados os atos golpistas perpetrados por aliados do ex-presidente há três anos.

Quando defrontado com a obrigação de o País contar a própria história, enfrentar e punir os crimes cometidos pela ditadura militar e de prestar contas à sociedade e às famílias de vítimas da ferocidade das forças armadas, que torturou, matou e exilou cidadãos que se opunham, Bolsonaro dizia que “quem procura osso é cachorro”. Era, ou é, dessa forma que ele desprezava, ou despreza, a dor e o sofrimento sentidos pelas famílias e amigos daqueles que a ditadura matou.

Veja e também fique enojado:

Fiquei imaginando como o feito brilhante de Fernanda Torres, obviamente amparada pelos demais participantes do filme “Ainda Estou Aqui”, seria recebido por Jair Bolsonaro e asseclas. “Quem procura osso é cachorro”, acho que repetiriam ele, os filhos, a esposa evangélica, os cristãos Silas Malafaia e Marco Feliciano, os artistas Roberto Alvim, Mário Frias, Regina Duarte e Cássia Kis, o ex-policial Daniel Silveira e o ex-deputado Roberto Jefferson.

Eles, justamente eles, que impediram por quatro anos que a cultura nacional se fortalecesse, ganhasse corpo e asas.

*** ***

Ao escolher palavras neste texto, veio-me também a lembrança de que o policial paulista Arcenio Scribone Junior xingou a jornalista Natuza Nery e disse que ela deveria ser “aniquilada” – como aniquilados foram Rubens Paiva e tantos outros, como ameaçados de aniquilamento foram o presidente Lula, o vice, Geraldo Alckmin, e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Essa é a essência de Bolsonaro que exala dos bolsonaristas.

 

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