Do jornalista Roberto Maciel:
Quem achava que Jair Bolsonaro e o bolsonarismo eram o ápice da capacidade da política de fazer besteira e produzir dejetos ideológicos enganou-se redondamente. Neste ano foi lançado o nome de Gusttavo Lima (nome “artístico” de Nivaldo Batista Lima, cantor de música de mal-gosto e bilionário colecionador de armas e relações duvidosas) como candidato a presidente da República em 2026. Considerou-se o fato de que Bolsonaro, contumaz praticante de coisas abjetas, ser um delinquente que a cada dia mais se enreda nas malhas nas quais a Justiça prende elementos nocivos à sociedade, está inelegível.
A proximidade entre Gusttavo Lima, Bolsonaro e grupos de caráter limítrofe o credencia, sem dúvida, a ser um popularesco pretendente à cadeira nº 1 do Planalto. Se com todas as aberrações que falou e fez o ex-capitão – defensor de torturadores e da ditadura militar, negacionista, boicotador de vacinas, suspeito de roubar joias, agressor de mulheres, pai ausente – ganhou a honra de dirigir o Brasil, por que não Gusttavo Lima?
Não bastando isso, há quem agora acene com a ideia de que se lance o também (mau) cantor Wesley Safadão (nome “artístico” de Wesley Oliveira da Silva) como candidato a senador ou até a governador do Ceará. Que dupla, hein?
Para ambos os acintes está a assinatura de Pablo Marçal, um espertalhão que faz dinheiro vendendo cursos a incautos na Internet, fingindo ser líder empresarial e guia espiritual e criador de múltiplas e descaradas mentiras em qualquer campo que ingresse – do dos negócios ao das igrejas neopentecostais. E, à frente desse jamegão de segunda categoria, está uma sigla que parece especializada em estelionato político: o PRTB.
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Tanto Nivaldo, o vulgo “Gusttavo”, quanto Wesley Oliveira, o vulgo “Safadão”, têm encrencas brabas com a Justiça. Não se pode hoje apostar nada, nem mesmo um inútil livro de Pablo Marçal, na possibilidade de eles, com o passado que têm, não virem a ser triturados pelos adversários e pela falta de qualificações técnicas e políticas numa eventual disputa eleitoral.
Mas servem, tanto um quanto o outro, para ilustrar o palco da direita num show em que a inteligência desafina como ninguém.