Helly Ellery e a defesa da dignidade e da história da ACI: “O olhar seletivo e alucinado do rebanho”

Artigo do jornalista Helly Ellery, presidente da Associação Cearense de Imprensa:

De uns anos pra cá, a política brasileira foi atingida por um surto bovino que parece ter se alimentado de um pasto alucinógeno. O debate, antes movido pelo tamanho do Estado, a dicotomia entre equidade e assistencialismo, a ampliação dos direitos humanos e individuais e a luta incessante da classe trabalhadora por uma divisão mais justa da riqueza foi substituído por patriotismo em torno de pneus de trator, celulares voltados para o céu que realizam contatos imediatos do terceiro grau, perseguição dos costumes da vida alheia e o ataque permanente contra a ciência, cultura e o exercício profissional da imprensa. 

No Ceará não é diferente. Tem uma horda desse gado desnorteado que comeu grama e parece ter virado a chave da “Matrix”. Com todo respeito à filosofia distópica dos irmãos Wachowski, a pílula vermelha da turma de cá tem sabor de cloroquina, cria sua própria plataforma existencial em torno da mentira, desmorona reputações, fortalece o discurso de ódio e, objetivamente, gera violência na ponta prática da sua linha de frente lunática. Os dados não mentem. Basta conferir as estatísticas de jornalistas agredidos, de pessoas assassinadas por conta do debate político e o número de mulheres agredidas durante os 4 anos governados pelo Genocida.   

No dia 6 de junho deste ano, os sócios e sócias da Associação Cearense de Imprensa escolherão a diretoria que vai administrar a entidade centenária no próximo triênio. Duas chapas disputam o pleito. Uma delas com puro DNA fascista de extrema direita. E, naturalmente, como bolsonaristas legítimos, os ataques e o formato da ofensiva repetem o modelo do tal “mito” que eles se orgulham de seguir. Mentiras contadas nas alcovas, desrespeito nas páginas particulares das pessoas nas redes sociais, assédio moral contra funcionários da entidade e, por último, o ataque frontal em uso da boa fé de um comunicador do interior do Ceará.

Doutrinados pelo touro genocida, gado das bandas de cá balança seu chocalho com o som da desfaçatez e da insensatez. Ofende a história da entidade, abandona o jogo limpo que deveria balizar a eleição e atacam. Como é da natureza bovina dos bolsominions. Pois fique claro que a atual diretoria da Associação Cearense de Imprensa não recuará um milímetro em defesa da entidade e das figuras históricas que passaram pela ACI e fizeram palco para a defesa do Estado Democrático de Direito e da segurança e o livre exercício dos profissionais da imprensa. 

Estimulada por César Magalhães e mais cinco jornalistas, a então Associação dos Jornalistas Cearenses que depois mudaria seu nome para Associação Cearense de Imprensa iniciou seu trabalho no dia 14 de julho de 1925 já com o propósito de acolher e organizar profissionais da imprensa que à época se sentiam desamparados e desprotegidos. E não por acaso, essa mesma ACI foi palco fundador e sede de entidades como o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Ceará, a Associação Cearense dos Jornalistas do Interior e o Sindicato dos Trabalhadores Gráficos. Em resumo, o prédio da Floriano Peixoto é forjado na luta. Mas essa luta só pode ser enxergada para os que compartilham dos ideais democráticos e coletivos.

Diante disso ficam algumas questões. Como o gado bolsonarista poderia enxergar as articulações da Associação Cearense de Imprensa, do Sindicato dos Jornalistas do Estado do Ceará e da Federação Nacional dos Jornalistas junto ao Ministério Público e a Secretaria da Segurança Pública do Estado do Ceará para garantir proteção e direito dos trabalhadores da imprensa atuarem profissionalmente sem serem agredidos pelos terroristas bolsonaristas que vandalizaram veículos da imprensa, agrediram fisicamente fotógrafos, acuaram repórteres nas ruas, perseguiam cinegrafistas e ameaçaram jornalistas nas redes sociais? Como essa turma alucinada poderia visualizar esse esforço se eles seguem o líder político que agride jornalistas em entrevistas, grita com mulheres jornalistas e encurralou correspondentes de Brasília num cercado como se fossem animais durante 4 anos?

Como essa massa bovina que se alimenta de pasto batizado poderia perceber os encontros protagonizados por mulheres da imprensa na ACI ou a sua diretoria na rua em defesa da proteção constitucional das mulheres, se eles seguem um homem que afirma que filhas mulheres são fruto de “fraquejadas”, que a estética das mulheres é que define se elas podem ser estupradas ou não, ou se um parlamentar aliado das ideias deles é o autor da Lei que passa pano para estuprador e tenta criminalizar mulheres que tem o direito constitucional de interromper gravidez consequente de violência sexual?

Como é que a turma que toma remédio pra piolho batido no leite mugido pra curar Covid pode observar a firme defesa da diretoria da ACI pelos protocolos sanitários determinados pela Organização Mundial da Saúde, pela eficácia da vacina, a seriedade da ciência e a atuação do SUS em defesa da vida e do bem estar coletivo?

Em que momento essa turma que afirma não enxergar ações da ACI pode presenciar os debates públicos e as participações da Diretoria em veículos de imprensa defendendo e exigindo a aprovação da PL 2630 e da regulamentação da atuação irresponsável das Bigh Techs se eles seguem um bando que espalha mentiras nas redes, detona reputações de pessoas e instituições, gera linchamento virtual e físico contra pessoas inocentes e cria boataria inconsequente que fez retroceder o sistema de imunização brasileiro que sempre foi respeitado no mundo inteiro?    

Que tipo de gente pode presenciar ou participar de encontros literários, festivos e intelectuais na cobertura da ACI, se eles estão cotidianamente abastecidos e contaminados por conteúdos de adolescentes tiktokers que viralizam com mentiras, ataques e algoritmos criminosos e desqualificados contra fatos concretos? Como essas pessoas odiosas podem festejar junto da nossa alegria junina e carnavalesca em festas históricas da ACI se as pessoas que lá frequentam chegam e saem com sorriso estampado no rosto e com desejo de transformar o mundo através da crença otimista?

Qual a possibilidade desse gado monocromático e limitado enxergar a beleza das cores diversas, do amor plural e do respeito mútuo entre as diferentes orientações sexuais defendido por essa Diretoria e simbolizado em ato público no nosso terraço centenário e sagrado?

Eles também não puderam verificar, ou estavam em algum lugar do mundo invertido e paralelo, que não acompanharam a Associação Cearense de Imprensa ser homenageada em ato público diante de toda a imprensa do Ceará pela firme defesa do Estado Democrático de Direito? É óbvio. Eles são partidários do 8 de janeiro, da tentativa do Golpe e clamam por anistia aos terroristas, idealizadores e financiadores que tentaram usurpar a decisão dos eleitores numa eleição direta e legítima.

Poderia redigir umas 20 laudas sobre os feitos da diretoria da Associação Cearense de Imprensa e a incapacidade de observação e acompanhamento de um gado ideologicamente desorientado, alucinado e ambientado numa realidade paralela que eles mesmo criaram para existir. A ACI sempre esteve e está com suas portas abertas em ambiente amistoso e amigável, independente da crença ou posição de cada sócio ou sócia, mas a atual Diretoria não permitirá e jamais silenciará diante de ataques levianos e irresponsáveis. 

 

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