Por Roberto Maciel, editor do portal InvestNE:
Recebi num grupo de troca de mensagens que frequento no WhatsApp uma postagem pra lá de interessante. Atribui-se à porta-voz do governo leviano-insano-fascistóide e Donald Trump uma declaração polêmica – chama-se Karoline Leavitt, a bela moça, que tem apenas 27 anos de idade mas fala como uma psicopata veterana discursando contra gente LGBTQIA+:
Busquei fontes na Internet que confirmassem ou desmentissem a fala – as que encontrei me asseguraram que cada palavra é verdadeira. Lembrei-me logo de uma declaração de um certo candidato a presidente da República que, em 2018, reclamava que o jovem brasileiro “tem tara por formação (superior)”.
Era Jair Bolsonaro, claro, desovando em pleno Jornal das Dez, na emissora Globo News, um amontoado das estultícias com as quais, ou apesar da quais, se elegeu para tentar dar um golpe de Estado em 2023. Era o mesmo sujeito que, eleito presidente, reclamaria que livros tinham “muita coisa escrita”.
Disse ele na GloboNews: “Há uma certa tara por parte da garotada em ter um diploma. É importante? Sim. Eu fiz, como tenente do Exército, curso de máquina de lavar roupa e de geladeira, aqui em Madureira. Te garanto (…): se hoje em dia quiser viver disso, eu vou ganhar no mínimo uns 12 mil por mês”.
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Esse é mais um traço, além da boçalidade sacramentada e da aversão a conhecimento, quase uma ojeriza por quem desenvolve trabalhos intelectuais, que une o trumpismo e o bolsonarismo, o mesmo que somava o hitlerismo, que queimava livros, ao “mussolinismo” (historiadores não usam esse termo, reconheço, mas bem que poderiam usar): o desprezo ao ensino e, especialmente, ao ensino superior.
Sabe aquelas comoventes e verdadeiras manifestações que de vez em quando se vê em TVs? Como os depoimentos de quem é o primeiro da família a ingressar numa universidade? Ou o da aluna que venceu quilômetros e quilômetros entre a casa e a escola para poder frequentar as aulas e passar num vestibular? Ou do aluno que usou livros emprestados ou doados porque não tinha como comprá-los?
Pois é: essas jornadas épicas, vitoriosas e glorificantes da inteligência correm ainda o risco de serem abolidas do cotidiano. De desaparecerem dos meios de comunicação. A ambição por saber continua sendo ameaçada, pois vivo o bolsonarismo está, de ser tratada como “tara”.
Basta que bolsonaros e trumps prosperem, neguem e impeçam o que a humanidade tem de melhor.