Por Roberto Maciel, jornalista, editor do portal InvestNE:
Os nazistas eram, muito além de um exército e de paramilitares bem-armados pelas psicopatia e paranóia de Adolf Hitler, um ajuntamento de ladrões. Uma gangue, uma organização criminosa travestida com poder. Um amontoado de facções, usando aqui uma expressão bem brasileira. Roubavam o que podiam: dentaduras e cabelos de judeus, dinheiro, roupas, obras de arte, propriedade rurais e urbanas, calçados de couro, vinhos e, sobretudo, dignidade e vidas – eram, aliás, especialistas em tomar dignidade e vidas.
O estado alemão de então tinha esse fim. Era autor e ator de uma tragédia sem paralelos, controlado por deformados morais das espécies mais repugnantes.
Invadir, dilapidar e ocupar nações próximas era não apenas uma estratégia de crescimento do nazismo – rebento da extrema-direita que já tinha paralelo na Itália, o fascismo – , mas também um modo de avisar que estava recuperando o que lhe havia sido tomado, pelo menos no entendimento que pregava. Os nazistas eram ladrões – e essa é uma obviedade histórica. O roubo era, assim, uma forma de comunicação.
Para cometer o que cometiam, as forças de Hitler contavam com a docilidade traiçoeira de muitos dominados. Foi assim na Polônia, na Tchecolosváquia, na Holanda e, de forma muito escandalosa, na França. Também arrumaram aliados até no Brasil, nas figuras asquerosas e integralistas do cearense Gustavo Barroso e do paulista Plínio Salgado.
Destroçaram assim a moral de nações inteiras, esquartejando o amor-próprio das comunidades, aterrorizando-as e trucidando esperanças. Não importava se tratavam com velhos, adultos ou crianças – a violência era a mesma.
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Não há distinção de métodos, embora as armas sejam diferentes, em relação ao que vem fazendo Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. Sob o pretexto de “tomar de volta” o que lhes teria sido subtraído (sempre na visão caolha deles), os EUA vêm intimidando a insultando países diversos. O fato de o Brasil entrar numa lista na qual já estão Venezuela, Cuba, China, Canadá e Dinamarca não deveria surpreender.
Trump desafia não somente o equilíbrio da economia do mundo todo. Põe a prova também as qualidades, métodos, ritos e virtudes de diálogos que a diplomacia estabeleceu e/ou tenta consolidar há séculos. Idoso mimado, desafeto do respeito, de sorrisos e de solidariedade, o presidente dos Estados Unidos é autêntico adversário da racionalidade e da inteligência.
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Não há, enfim, nada que distinga o pensamento expansionista e criminoso de Adolf Hitler da veia dominadora e autocrata de Donald Trump.
Nem o que diferencie a repulsiva traição dos entreguistas da Segunda Guerra e da dos de hoje.