Do site Consultor Jurídico:
Líderes dos setores público e privado avaliam que os países do Brics devem reforçar parcerias em áreas como tecnologia e infraestrutura para ganhar protagonismo na economia global. Essa percepção foi compartilhada por executivos, juristas e investidores BRICS+ NeLi Business Summit, encontro internacional, em São Paulo, que discutiu o futuro do grupo. O encontro foi capitaneado pelo New Economy Legal Infrastructure (Infraestrutura Legal da Nova Economia, em português), conhecido como NeLi, plataforma sediada em Dubai, nos Emirados Árabes, responsável por desenvolver a infraestrutura jurídica e econômica do Brics+, que conta hoje com 11 países membros e outros nove parceiros.
Os painéis trataram de assuntos como moedas digitais, regulação de inteligência artificial, segurança jurídica e sustentabilidade.
Para Alan Gandelman, CEO da Sefer Investimentos e co-chairman do NeLi para a América Latina, a conjuntura internacional atual permite ao bloco buscar um espaço inédito na economia mundial.
“O Brics deixou de ser só um grupo de países para virar um movimento que está mudando a cara da economia global. Este encontro em São Paulo é a prova de que não basta discurso, é hora de tirar do papel as mudanças que vão realmente destravar investimentos e acelerar o desenvolvimento,” afirmou.
O chairman do NeLi, Dmitry Magoni, avalia que avanços na infraestrutura legal e na integração econômica são peças-chave para concretizar os projetos do bloco.
As iniciativas foram discutidas na semana passada na Cúpula do Brics, no Rio de Janeiro (RJ). Os chefes de Estado firmaram, na ocasião, compromissos em temas como finanças, saúde, segurança e mudança do clima. “Nossa missão é promover diálogos significativos e parcerias práticas que enfrentem os desafios do mundo real”, afirmou Magoni.
Alternativa ao dólar
Participantes do encontro discutiram a viabilidade de alternativas ao dólar como única moeda a pautar as trocas globais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem defendido a criação de novos métodos de pagamento entre os países do Brics para libertar-se da dependência de mecanismos como o SWIFT, que são hegemônicos atualmente.
O presidente da Câmara Brasil-Rússia de Comércio, Indústria e Turismo, Gilberto Ramos, citou um estudo de uma consultoria russa que aponta uma economia de até US$30 bilhões por ano, para os países do Sul Global, com uma eventual modernização dos sistemas de pagamento.
“Em agosto de 2023, houve um sinal emblemático emitido pela Arábia Saudita, quando começou a vender petróleo para a China, recebendo em yuans (a moeda chinesa). O processo começou a engrenar até chegar a esse momento, onde o Brasil está sendo atacado de uma forma desleal e desonesta pelos Estados Unidos”, afirmou Ramos em referência à decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de implementar tarifa de 50% para os produtos brasileiros.