Por Ivan d’Assumpção, escritor e analista de TV:
Pouquinho antes de os chantagistas bolsonaristas e o fascista Donald Trump, presidente da maior “nação livre” do planeta, tentarem achacar o Brasil para livrar da justiça o golpista Jair Bolsonaro, desembarcou nas redes sociais uma série de memes que soma a ficção da novela Vale Tudo, da Rede Globo, na moda agora e em 1988, com a real e dura política nacional. Os personagens estão sendo usados, não se saber por artes de quem, para denunciar a brutalidade de números injustos que separam e negam direitos aos cidadãos.
Os memes são engraçados de se ver, é fato. São criativos, são inteligentes. Contudo, refletir sobre cada um desses elementos nos impõe um choque de realidade que, a rigor, deveria ser já classificado como componente histórico do Brasil. Nenhuma informação neles contida destoa do desigual dia-a-dia dos brasileiros. Não é o caso do “nós contra eles”, como alegam políticos do centrão, sabujos amestrados e penas de aluguel. É, sim, o caso do “eles contra nós”.
O desenho do abismo social e fiscal do País foi traçado, inteiro, pelas elites que controlam os poderes desde 1500. A custa de muita lábia, do tipo “vamos fazer primeiro o bolo crescer para depois reparti-lo”, e de força bruta foi enfiado goela a dentro da sociedade uma regra não escrita: “nós usufruímos, eles pagam a conta”.
A não deixe de refletir também: o que os vigaristas a serviço de Trump e Bolsonaro cometem é uma manobra, entre muitas, para preservar o fosso, a desigualdade, a cruel dessemelhança entre os que deveriam ser semelhantes.
Simples assim.