O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, afirmou que o Brasil busca uma “vacina preventiva” ao golpe de Estado após ter vivido ditaduras ao longo de sua história. Em entrevista ao jornal norte-americano The Washington Post, o magistrado também negou a possibilidade de “recuar” na investigação da trama golpista, na qual o ex-presidente Jair Bolsonaro é réu.
“Não há a menor possibilidade de recuar nem um milímetro”, disse o relator da ação penal a respeito do plano de interromper a democracia no Brasil. “Faremos o que é certo: receberemos a acusação, analisaremos as provas, e quem deve ser condenado será condenado, e quem deve ser absolvido será absolvido”. Alexandre apontou que o país foi infectado pela “doença” da autocracia, cabendo a ele administrar a “vacina”. “Não há como recuar do que precisamos fazer. Digo isso com toda a tranquilidade”.
“Entendo que, para a cultura americana, é mais difícil compreender a fragilidade da democracia, porque nunca houve um golpe lá”, comentou. “Mas o Brasil passou por anos de ditadura sob [o presidente Getúlio] Vargas, outros 20 anos de ditadura militar e inúmeras tentativas de golpe. Quando você é muito mais atacado por uma doença, você forma anticorpos mais resistentes e busca uma vacina preventiva”, completou.
Lei Magnitsky
Questionado sobre ter seu nome incluído na Lei Magnitsky pelos EUA, o ministro disse: “É agradável passar por isso? É claro que não é”. Apesar disso, Alexandre disse que continuará a investigação a respeito da trama golpista “enquanto houver necessidade”. A partir de 2 de setembro, a 1ª Turma do STF se reunirá para uma série de sessões para julgar o chamado núcleo 1 da denúncia de golpe. Esse grupo de oito réus inclui Bolsonaro, que teve o nome citado pelo governo dos EUA para justificar as sanções contra Alexandre.
Em julho, o governo dos Estados Unidos aplicou a Lei Magnitsky contra o ministro brasileiro por discordar da atuação do ministro nos processos contra o golpe de Estado, especialmente o que trata de Bolsonaro, aliado do presidente dos EUA, Donald Trump.