Vai tomar no c*, seu ingrato!

Por Roberto Maciel, jornalista:

Quem analisa com distanciamento político e ideológico momentos e gestos recentes da História do Brasil há de se espantar com a clareza de decisões e atitudes da família de Jair Bolsonaro e aliados – alguns subalternos e remunerados por eles.

Retrocedamos, por exemplo, às semanas e dias que antecederam às eleições de 2022 e ao próprio 3 de outubro daquele ano. Naquele recorte de tempo, já consolidadas pelas pesquisas as intenções de votos dos eleitores, pode-se explicar o porquê um jagunço do bolsonarismo chamado Silvinei Vasques, chefete da Polícia Rodoviária Federal, ter armado bloqueios em rodovias para boicotar a votação do hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Se avançarmos mais, encontraremos em 13 de dezembro de 2022 uma violenta tentativa de invasão da sede da Polícia Federal, ao estilo com que outras facções criminosas dão o que chamam de “salve”. No dia 30, tem-se a estratégica fuga de Jair Bolsonaro para os Estados Unidos, como que declarando que havia coisa pior a caminho.

E havia. Em 3 de janeiro, desabou sobre Brasília a baderna de bolsonaristas instigados a invadir e depredar as sedes dos Três Poderes, num golpe de estado frustrado pela rápida e enérgica reação do governo Lula.

Cheguemos, enfim, a 18 de março de 2025. Foi quando desembarcou nos Estados Unidos, abandonando ilegalmente as funções de deputado federal, delegadas pelo povo de São Paulo, o filho 03 de Bolsonaro, Eduardo. De lá, desde então, ameaça e busca inviabilizar o governo, o Congresso e a Justiça brasileira, num autêntico crime de lesa-pátria.

Eduardo foi para os EUA meio que no sacrifício, é de se supor, considerando que poderia ser candidato a presidente da República, posto que o pai é inelegível. Viajou com uma missão de vida ou morte: impor a condição de terra arrasada ao Brasil não apenas para garantir anistia ao pai, mas para tentar manter viva a esperança de continuar roendo o osso. Mais do que para se vingar, diga-se.

O que liga todos esses fatos?

A resposta é simples: o dinheiro, em volumes largos, pesados e expressivos. Nesse tempo, os bolsonaros perceberam o quanto seria útil para eles acumular um patrimônio estupendo se voltassem e se mantivessem no poder. A retórica de família, pátria e deus até poderia ser preservada, mas sempre escamoteando as principais finalidades.

O fio que conduz a tentativa de roubo chama-se pix. A Polícia Federal apurou que entre 2023 e 2025, sozinho, Jair movimentou nas contas bancárias que tem mais de R$ 44 milhões. Sem cargo, sem capacidade de ordenar o que quer que seja, fez circular valor que corresponde ao preço aproximado de 51 apartamentos de 90 metros quadrados no mercado de Fortaleza. Parte muito expressiva dessa montanha de cifrões teria sido depositada por seguidores, muitos dos quais anônimos, num fervilhar muito parecido com o da lavagem de dinheiro.

A conta de Bolsonaro pode ser o atestado de culpa dele em várias acusações das quais é (e será) réu.

Mas imagine, leitor, que tipo de ladrão ou miliciano deixaria passar uma oportunidade assim? Todos, sobretudo – apelando aqui para o linguajar rasteiro da boca suja dessa gente – os “ingratos do caralho”.

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