Vereador bolsonarista vê “piroca” onde existe arte; piada pronta: obra é de Picasso

Do Diário de Cuiabá:

Bolsonarista ao extremo, o vereador cuiabano Rafael Ranalli (PL) sempre acha uma maneira de provocar escândalo, em meio aos muitos casos de violência sexual, principalmente contra crianças e adolescentes.

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O vereador, acometido da obsessão comum aos seguidores de Bolsonaro e ao próprio Jair Bolsonaro, enxergou um pênis – “uma piroca”, como definiu – onde não existe nem sombra nem sugestão. Ou melhor, onde só existe arte.

Poderia ser classificado como um ignorante, um equivocado. Mas, muito além disso, é um mau-caráter que investe em desinformação e pânico moral.

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Leia mais do texto original:

O nobre edil, desta vez, mirou nada menos do que uma obra de arte: o quadro Le Rêve, do pintor cubista espanhol Pablo Picasso.

O motivo: a retratação do quadro em livros didáticos da rede municipal de ensino de Cuiabá.

Para ele, a obra tem conteúdo “erótico”.

E até a descreveu de forma vulgar: trata-se de uma amante do pintor “se bulinando”, com uma “piroca” implícita.

“É preservar a inocência da criança, tudo a seu tempo. E digo mais, no tempo em que a família determina. Agora, um livro que apresenta aqui uma piroca, um pênis, uma mulher se ‘bulinando’ ou mesmo que tem o título a amante. Quer dizer, acaba com a família brasileira, acaba com a infância dessa criança. Então, a gente tem esse combate forte aqui”, declarou.

Ele pediu, e a Secretaria de Educação atendeu o pedido, excluindo a foto de material pedagógico da rede de ensino de Cuiabá.

O quadro Le Rêve, segundo especialistas, está avaliado em R$ 840 milhões.

A tela, denominada “O Sonho”, foi pintada por Picasso em 1932 e retrata Marie-Thérèse Walter, que seria a mulher do pintor, à época.

É considerada referência para o estudo do Cubismo, Surrealismo e Fauvismo, sobretudo, pela ousadia nas cores, traços e formas.

Dados que o vereador Rafael Ranalli, certamente, não sabe o que significam.

Pré-candidato a deputado federal, ele tem feito de tudo para aparecer, com suas pautas conservadoras e, no mínimo, ridículas.