Por Carlos Gildemar Pontes, professor e escritor, publicado originalmente no site Segunda Opinião:
Queridas criaturas, cheguei numa fase da vida em que a paz de espírito e os pequenos prazeres que a idade vai nos tolhendo são importantes e devem ser preservados. Não carrego mais tantas ilusões, quanto as que inundavam minha mente na juventude.
Sei que a idade pode ser a melhor conselheira dos rumos que devemos tomar, mas pode não ser. Aí entra a inteligência das escolhas, principalmente se estamos na maturidade das ideias e valorizando mais a mente do que o corpo ou a aparência.
Dito isto, realço que a beleza é importante, embora seja tão passageira que precisamos, cada vez mais, nos iludirmos, achando que poderemos mantê-la por muito tempo. A depender do mundo em que vivemos, a vida só tem sentido se a aparência for a principal carta de apresentação. Por isso, algumas pessoas perdem a essência e, quando vão buscá-la, percebem que o tempo passou e o que era belo, antes, ficou apenas velho.
Para o padrão que julgo agradável de se ver, uma pessoa linda só permanecerá linda se se mostrar gentil. Se eu fosse escolher alguém apenas pela primeira impressão, certamente eu escolheria alguém bonita e gentil. E a ela daria todo o meu amor. Amor de poeta, de homem e procuraria lhe orgulhar sendo uma pessoa melhor a cada dia. Mas essa impressão está apenas em mim e no meu conceito de beleza, que pode ser completamente distorcido. Cabe à outra pessoa que escolhi encontrar o seu caminho, o que quer e se realmente quer alguém assim,como eu, fazendo suas escolhas que podem não ser as minhas.
Talvez, pensando assim, essa seja a forma de nos apresentarmos, dizer o que pretendemos. Talvez essa seja uma promessa de honrar a gentileza com mais gentileza. Talvez essa seja uma declaração de amor da forma como deveria ser.
É preciso, porém, um mergulho profundo em nós para distinguirmos entre a essência e a aparência. Querer alguém é conquistá-la como troféu ou é ficar a seu lado aprendendo a ser um ser melhor? Para pensar sobre isso,faça a si sempre três perguntas: Isso é bom? Vai ser bom para mim? Vai ser bom para nós? Mas pense, igualmente,em três coisas para não ficar presa a apenas uma forma de pensar. Eu sou capaz de entender? Eu sou capaz de mudar? Eu posso escolher mudar? Para cada uma das respostas você precisa sempre estar presente, errando ou acertando, sendo humana e exercendo a sua humanidade com a aprendizagem e a certeza de que é sempre bom aprender.