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Artigo de Nizomar Falcão: “Caatinga: sumidouro de carbono”

Por Nizomar Falcão (foto), Ph.D., engenheiro agrônomo da Ematerce:

Bioma único e 100% brasileiro, a caatinga tem importância fundamental e surpreendente na neutralização de carbono no país, contrariando a visão popular de que é apenas um “deserto verde”. Sua capacidade de captura de carbono é extraordinária, especialmente quando comparada à sua extensão territorial.

A caatinga está se revelando como uma das florestas mais relevantes na eficiência de neutralização de carbono; um verdadeiro sumidouro. Estudos recentes de instituições como a Unesp e a Embrapa revelam que, embora a Caatinga ocupe cerca de 10% do território brasileiro, ela pode ser responsável por até 50% de todo o sequestro de carbono do Brasil em anos com maior volume de chuvas. Essa capacidade é ainda mais impressionante quando se analisa a eficiência do bioma. Em média, a Caatinga consegue reter até 45% do dióxido de carbono (CO2) que absorve, superando biomas como a Amazônia e o Cerrado em algumas métricas de eficiência. Em áreas mais secas, ela ainda consegue reter até 2,5 toneladas de CO2 por hectare anualmente, enquanto em áreas mais úmidas, esse número não ultrapassa cinco toneladas.

O segredo está na resposta rápida às precipitações pluviométricas. Essa resposta rápida às chuvas é o principal fator que explica que a alta eficiência da Caatinga é a sua capacidade de regeneração rápida. Diferente de outros biomas, que têm uma atividade fotossintética mais estável, a vegetação da Caatinga é especialista em aproveitar cada gota de chuva. Em anos de pluviosidade acima da média, as plantas “acordam” e rebrotam em uma velocidade impressionante. Esse crescimento acelerado resulta em uma fotossíntese intensa, que remove grandes quantidades de CO2 da atmosfera em um curto período, agindo como um sumidouro altamente eficaz.

Dado essas particularidades é fundamental observar as implicações e necessidade de preservação. A descoberta do papel central da Caatinga na neutralização do carbono reforça a urgência de sua conservação. Apesar de sua importância, a Caatinga é o bioma menos protegido do Brasil e está em um processo acelerado de degradação e desertificação.

Sua preservação é crucial por diversos motivos: (i) Mitigação das Mudanças Climáticas – A proteção e a restauração da Caatinga são estratégias essenciais para o Brasil cumprir suas metas climáticas; (ii) Potencial para Créditos de Carbono – O alto desempenho do bioma na captura de carbono pode abrir caminho para que projetos de conservação na Caatinga sejam incluídos em programas de crédito de carbono, gerando benefícios econômicos e sociais para as comunidades locais; (iii) Valorização da Agroecologia – A agricultura regenerativa e a agroecologia são soluções que não apenas recuperam áreas degradadas, mas também fortalecem a capacidade do bioma de sequestrar carbono, comprovando que é possível produzir e conservar ao mesmo tempo.

A Caatinga é um bioma de múltiplos valores, e sua capacidade de neutralizar o carbono a posiciona como um trunfo na luta global contra as mudanças climáticas.

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