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O bolsonarismo destruiu Cuiabá; você já imaginou do que Fortaleza escapou? e o que ameaça o Ceará? (ou “A lição de Brunini ao Brasil”)

Por Roberto Maciel, jornalista

O arquiteto Abílio Jacques Brunini Moumer (PL) foi eleito prefeito de Cuiabá, capital do Mato Grosso, com 171.324 votos no segundo turno do pleito de 2024. Foi ele, então, como a história conta, a escolha que fizeram os cuiabanos. E, como a história conta, os cuiabanos estão pagando pelo que fizeram: afundou-se a cidade na crise mais criminosa de que se tem notícia nas gestões municipais de capitais brasileiras.

Brunini é representação viva do bolsonarismo: agressivo, mentiroso, inimigo do trabalho e da boa retórica, opositor de respeito e princípios éticos, debochado, falastrão, capaz de propor aberrações contra a lei e de se negar – peremptoriamente, até – a participar de ganhos ou colaborar com benefícios sociais encaminhados por quem chama de “adversários”. Antes de ser prefeito, foi vereador em Cuiabá e deputado federal. É um idiota com mandato.

Fez-se conhecido nacionalmente por tentar boicotar, na base da molecagem, trabalhos parlamentares na Câmara dos Deputados. Em geral estampava um sorriso zombeteiro o rosto enquanto atacava o bom-senso. Era tratado, por isso, como um pateta dos quais os demais deputados não queriam a menor proximidade.

Pois o prefeito Abílio Brunini destruiu Cuiabá. A escolha dos cuiabanos em 2024 foi essa: o fim da cidade. Depois de Brunini, que decretou “emergência financeira” na Prefeitura, a capital do Mato Grosso nunca mais se reerguerá. O que escrevo agora não é uma visão pessimista ou distópica do que virá, mas o alerta de que a vida social não será mais a mesma daqui para adiante – não se acreditará em políticas públicas nem em políticos, os cidadãos não abraçarão propostas e a frieza coletiva derrubará a índices glaciais o entusiasmo comum de vencer desafios. A desconfiança tomará o lugar da vontade.

Vocês já imaginaram, leitor e leitora, o que teria acontecido a Fortaleza se o ritual bolsonarista de demolição do interesse público vingasse na nossa bela capital cearense? Primeiro viriam as agressões aos servidores públicos, depois o desmantelamento de ações educacionais, em seguida se estabeleceriam bizarrices no campo da segurança pública e o desmonte de políticas contra o preconceito de gênero, a favor da saúde e pela democratização da habitação – “tudo é coisa de comunista”, certamente diriam aqueles que pretendiam ocupar a Prefeitura.

Outro passo possível seria o atentado contra direitos de crianças e jovens, os quais seriam vistos como público a ser doutrinado por pastores famintos por dinheiro. Depois, colocaria-se uma corda no pescoço e uma bala na cabeça da igualdade – “feminicídio? dane-se!” poderia ser o slogan de uma campanha oficial.

*** *** ***

Fique ligado, pois: o mesmo grupo que semeia o estilo de Brunini, que é o de Jair Bolsonaro, não se deu por vencido. Está agora lambendo as feridas de 2024 e se recompondo para atacar, com voracidade e ferocidade, a inteligência e a dignidade das pessoas em 2026.

Não miram dessa vez o poder municipal: os protagonistas do caos estão mais ambiciosos e querem o Governo do Estado e as vagas que o Ceará tem no Senado. E quem dá as ordens é o deputado André Fernandes, presidente estadual do PL, nome que ganhou expressão na Internet por divulgar tutoriais sobre depilação anal.

Esse ajuntamento aparece agora com caras novas, ou caras renovadas – são todas bem conhecidas do cidadão, a bem da verdade; já se mostraram ineptos e inaptos, descomprometidos com a coletividade e subordinados a suspeitos grupos que põem o dinheiro que podem ganhar acima dos valores que as famílias almejam.

Que Brunini seja, mais do que um mau exemplo, uma referência do que se deve ter de nojo e repúdio.

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