Por Roberto Maciel, jornalista:
Não espero que o que agora escrevo seja lido pelo presidente da República. Longe disso – minha presunção não chega a tanto. Este texto não se trata, pois, de uma carta aberta a Lula.
Mas, de todo modo, reconheço-me influenciado ou inspirado, sei lá, pelo que disse nesta semana o mais importante líder político das américas e um dos mais destacados do mundo: “Traficantes são vítimas dos usuários também”. Pareceu-me que Lula escorregou olimpicamente na construção frasal. Errou, confundiu os termos, trocou as bolas, chamou Jesus de Genésio. Misturou alho com bugalho, pisou na bola porque não organizou pensamento e fala.
Parte da mídia convencional, sempre à espreita e espumando, gastou largos espaços para sentar a pua nele. Claro! Queria o quê? Assim como fazia nos tempos em que Lula era só um “operário ignorante e baderneiro” ou a vítima da violência judicial de Sérgio Moro e asseclas, o naco arrogante, rancoroso e submisso da mídia corporativa apontou-lhe o indicador para mostrar ao mundo que “Lula apoia traficantes” – uma idiotice típica de bolsonaristas, novistas e tucanos.
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O presidente de todos brasileiros deve se reunir neste domingo (26.10), na Malásia, com o presidente de todos os norte-americanos. Lula e Donald Trump terão diante de si uma oportunidade civilizada de dar tratos a demandas políticas, econômicas e diplomáticas. Isso é pra lá de relevante, considerando fatores vários, entre os quais os ataques nos quais milicos dos EUA têm assassinado venezuelanos e colombianos no mar do Caribe. Acusam os mortos, sem provas, de serem traficantes de drogas.
Há também a violência traiçoeira e golpista de integrantes da Famiglia Bolsonaro que, como mafiosos autênticos que são, exigem sangue e agressões contra os brasileiros.
É de se esperar, sinceramente, que Lula abandone, pelo menos por enquanto, o jeito popular, espontâneo e informal com que se dirige às pessoas, quaisquer que sejam. E que deixe de lado também a confusão mental com que às vezes bota palavras em lugares errados. É algo que, misturado com cansaço físico, costuma dar cavaco para adversários fazerem folia.
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Lembre-se, Lula: o inimigo que se vire; não leve flores para a cova do inimigo.


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