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- Nesta semana, a Câmara dos Deputados costurou e votou Projeto de Emenda à Constituição para assegurar impunidade a parlamentares, impedindo que sejam judicialmente processados por quaisquer crimes sem autorização da maioria da Casa. Ao mesmo tempo, facções de bandidos soltavam rojões em Fortaleza. Foi coincidência? Pode ter sido, vai saber! No entanto, deve-se observar: a decisão estende um tapete vermelho para que assaltantes, contrabandistas, degradadores ambientais, feminicidas e traficantes ingressem no Legislativo federal para ter garantias da lei. Estarão lá sob um abrigo seguro, entrando com pompas e circunstâncias. Foi isso, sim: em Brasília, deputados votavam pela impunidade e em Fortaleza criminosos festejavam. Como se pode diferenciá-los?
O “roteirista do Brasil” é um gênio!
- Diz-se, na brincadeira, que o “roteirista do Brasil” é pra lá de criativo. E que dá conta de situações improváveis com maestria. É difícil discordar, tal a sucessão de curiosidades – uma série da TV das mais absurdas ou surreais não faria tão bem. Veja alguns episódios: 1. após o Supremo Tribunal Federal iniciar o julgamento de um criminoso e dos cúmplices dele por golpe de estado, o presidente de outro país reage em defesa dos réus e tenta trucidar a soberania nacional aplicando tarifas de importação traiçoeiras e despropositadas; 2. De imediato, começa no legislativo federal um movimento por “anistia” – mesmo que não houvesse ainda sentença; 3. um deputado, filho de ex-presidente com pretensões ditatoriais, foge para outro país, trai a pátria descaradamente e chantageia o cidadão e as instituições e vira “líder” de um grupo parlamentar – a minoria; 4. descobre-se a ligação umbilical entre facções criminosas e o núcleo financeiro e especulativo do País – a lavagem de dinheiro e a sonegação fiscal movem forças; 5. vem à tona a PEC da Bandidagem.
- Nesta semana, a Câmara dos Deputados costurou e votou Projeto de Emenda à Constituição para assegurar impunidade a parlamentares, impedindo que sejam judicialmente processados por quaisquer crimes sem autorização da maioria da Casa. Ao mesmo tempo, facções de bandidos soltavam rojões em Fortaleza. Foi coincidência? Pode ter sido, vai saber! No entanto, deve-se observar: a decisão estende um tapete vermelho para que assaltantes, contrabandistas, degradadores ambientais, feminicidas e traficantes ingressem no Legislativo federal para ter garantias da lei. Estarão lá sob um abrigo seguro, entrando com pompas e circunstâncias. Foi isso, sim: em Brasília, deputados votavam pela impunidade e em Fortaleza criminosos festejavam. Como se pode diferenciá-los?
Portas abertas
Em tese, a decisão da Câmara – com votos de deputados cearenses, ressalte-se – escancara uma porta para que grupos como PCC e Comando Vermelho elejam representantes ao Parlamento. E que tenham para esses a proteção legal de não poderem ser processados.
Para não esquecer
Anote os cearenses favoráveis à PEC da Bandidagem: AJ Albuquerque (PP), André Fernandes, Matheus Noronha e Jaziel Pereira (PL), André Figueiredo, Mauro Filho e Robério Monteiro (PDT), Danilo Forte, Dayany Bittencourt, Fernanda Pessoa e Moses Rodrigues (União), Nelinho Freitas e Yury do Paredão (MDB) e Júnior Mano (PSB).
Faça o que digo mas não faça o que faço
Chama atenção o voto de Dayany Bittecourt a favor da impunidade. Ela é casada com um ex-deputado que bate no peito e se diz expert em Segurança Pública. Foi eleita com o apelido de “Dayany do Capitão”. O marido dela é o Capitão Wagner.
O outro lado
Quem votou contra: Luiz Gastão e Célio Studart (PSD), José Guimarães e Luizianne Lins (PT). Fora do parlamento, o deputado licenciado Idilvan Alencar (PDT), hoje secretário de Educação de Fortaleza, deu entrevistas ontem falando cobras e lagartos da atitude da Câmara em favor da PEC da Bandidagem.
Motoserra
Em quase 40 anos de vigência do dispositivo da impunidade que cobria a Câmara federal e o Senado, instituído pela Constituição de 1988, só um deputado foi processado por crimes. Chamava-se Hildebrando Pascoal (PFL-AC, na foto), sujeito barra-pesadíssima. Era um militar reformado que usava uma motosserra para calar e matar adversários políticos.
Raiz
Hildebrando integrava o que hoje se chama de “Centrão” – ala que, junta com os bolsonaristas, conseguiu aprovar a PEC da Bandidagem. Fazia parte da base tucana na Câmara. Antes, havia sido deputado federal no Acre. Foi cassado em 22 de setembro de 1999 – segunda-feira será o aniversário de 27 anos – por 394 votos contra 41.