- Não é temporada de caça aos votos. Ainda assim, vale que leitoras e leitores reflitam com o que disse em entrevista a uma rede nacional de TV o governador Elmano de Freitas (PT) sobre o ex-governador Ciro Gomes e as eleições que se aproximam: “Não temos como estar juntos (em 2026). Ele resolveu ser aliado prioritário do bolsonarismo no Ceará”. Elmano não cometeu impropriedade, não foi grosseiro nem fugiu à ética. Foi, sim, simples e direto, curto e seco. E realista. “Ele (Ciro) fez isso na eleição de Fortaleza: no segundo turno, apoiou o candidato do bolsonarismo a prefeito (André Fernandes). E acaba de anunciar apoio ao senador do Bolsonaro no Ceará (Alcides Fernandes, pai de André) para talvez ter em troca o apoio do bolsonarismo a ele ou a quem ele apoie para o governo do estado”. Coube ao titular do Palácio da Abolição, embora contido e prudente para abordar temas eleitorais, jogar a última pá de cal sobre a sepultura do “ciro-tucanismo”. Nada, afinal, aproxima o antigo candidato a presidente da República da cena política que põe no mesmo front as forças progressistas do Ceará, opondo-as aos arranjos reacionários que tentam se formar na extrema-direita. Para quem acha que a política é dinâmica, é bom anotar também que há decisões para as quais não há arrependimento nem volta.
Sem rumo
Ciro Gomes, sob qualquer análise, fez o que menos se recomenda em lições de batalhas e crises: destruiu pontes e queimou os barcos. Não deixou nenhum caminho que valha trilhar para corrigir rotas. Agora, não tem forças para recuperar a bússola e o mapa que usava.
Agente duplo
Curioso é que, se existe no Ceará um contexto em que partidos moderados e avançados se unem e definem políticas públicas exitosas, Ciro foi um dos que trabalharam na construção dessa realidade. Mais curioso ainda é perceber que ele, com palavras, atos e omissões, se empenha para colocar no chão o que, no passado, contribuiu para erguer.
É o que é
A saída do ex-prefeito Roberto Claudio do PDT, numa manobra cirista rumo ao ninho de bolsominions, é um típico episódio casuísta com a grife de Ciro Gomes. Esvazia o PDT e enche a bola fascista da direita extrema, como se não importasse a carga negativa que políticas anti-gente, anti-progresso e anti-direitos representa.
Quem diria?
A Igreja Católica arranjou uma defensora e tanto na Assembleia Legislativa – e sem querer: a médica e pastora evangélica Silvana Oliveira, bolsonarista-raiz. Inimiga azeda do catolicismo, ela apareceu na Alece fumaçando de raiva. E disse poucas e boas contra um material didático da Secretaria da Educação.
Letramento
Silvana questionou a informação de que cristianismo responde pelo “surgimento do racismo”. Mas parece que leu e não entendeu. O deputado Salmito Filho (PSB), católico, acudiu: esse trecho é, “na verdade, uma crítica à Igreja Católica”. E deu a lição final: é o mesmo tipo de crítica que fez surgir e impulsionou a Reforma Protestante.
Pelos canos
A Cagece está investindo R$ 13,4 milhões para substituir o sistema de redes de distribuição e adutoras em Maranguape, importante município da Região Metropolitana de Fortaleza. O projeto prevê a redução de perdas e a contenção de vazamentos.
Acredite se quiser!
Flagrado maltratando um porquinho e com condenação pedida pelo Ministério Público à Justiça, o vereador bolsominion José Alberto Bastos Vieira Júnior, vulgo “Inspetor Alberto”, quer agora posar de gente boa para os animais. Ele assina projeto com o qual cobra da Prefeitura de Fortaleza medicamentos e vacinas em postos de atendimento veterinário. Como se não houvesse.