- A propósito da Coluna da última quinta-feira, recebemos de leitores manifestações diversas. E isso reflete benfazejas disposições democrática e de discutir a Imprensa. No texto anterior, observamos que o Brasil, seguindo o exemplo histórico da Alemanha após a Segunda Guerra Mundial, implementando um processo rigoroso de desnazificação, necessita de uma “desbolsonarização” quando se superar o julgamento de criminosos envolvidos no golpe de 8 de janeiro de 2023. Não seria apenas justo, mas prudente e sanitário para a Nação, visto a higienização de corações e mentes. No entanto, não são todos os que concordam comigo – embora os que concordam sejam muitos. Leitora escreveu em resposta que “O Brasil precisa é ‘desburrilizar'”. Outro registrou: “Anistia já!” Um terceiro apontou “Bolsonaro 2026!”, sendo rapidamente respondido por mais um: “Lula 2026!” De todos, contudo, chamou-me atenção um seguidor que se apresenta como advogado tributarista. Manifestou-se assim: “E deslulizar? Também? Voltar a ter um país sem lado A e lado B?”
A Democracia aceita
Trata-se, evidentemente, de um posicionamento legítimo. Isso é próprio da Democracia. Mas é necessário que se observe que Jair Bolsonaro está sendo julgado por atentados à normalidade democrática, pela liderança de um golpe de estado. E que não se sabe de nenhum movimento de Luiz Inácio Lula da Silva nesse sentido. Não se conhece de Lula articulação nenhuma para bloquear estradas e impedir que eleitores votem. Ou para fazer locaute de caminhoneiros. Ou ações para intimidar instituições nacionais. Ou o uso de dinheiro público para tentar subverter e desacreditar urnas. Ou mandar filhos e arautos ao exterior tentar sabotar o Brasil. Mais: não se sabe de processo em que Lula esteja sendo julgado pela corte mais elevada da Justiça do País. “Deslulizar” tem a mesma lógica de “desefeagaceizar” – nenhuma.
A História não se curva
É claro que ninguém está obrigado a concordar com essa ou aquela tese – inclusive as que defendemos. Mas é evidente que a História não pode ser desprezada ou incompreendida para que se sustentem abordagens de um outro ou viés. E, finalizando, “voltar a ter um País sem lado A e lado B” é um desejo que envolve educação, saúde, alimentação, teto, terra e respeito para todos.
“Vai, toma”!
Creia: é para isso que a senhora e o senhor estão pagando os salários do deputado David Vasconcelos (PL, claro). Ele assina projeto que dá a um cantor chamado Aldair Brito da Silva, o vulgo “Aldair Playboy” (foto), o honroso título de Cidadão Cearense. O “Playboy” é paraibano de nascimento.
Vai que cola…
Bolsonarista, o deputado Cláudio Pinho está dando para trás. É dele projeto que se propõe a criar no Ceará um programa chamado “Vacina no Braço, Comida no Prato”, vinculando campanha de imunização à distribuição de alimentos. Ou seja, tudo o que o bolsonarismo condena.
O que se passou
Aliás, “Vacina no Braço, Comida no Prato” foi o mote de dezenas de ações de entidades do terceiro setor, todas progressistas, Brasil afora na época da pandemia. Algumas até reivindicavam o impeachment do então presidente Jair Bolsonaro.
Justo
O Palácio da Abolição pôs para tramitar na Assembleia Legislativa projeto que o autoriza a pagar indenizações que foram a proprietários e posseiros de imóveis que foram desapropriados para a urbanização do Rio Maranguapinho (foto acima). A medida tem a ver com imóveis em Fortaleza. “Garantindo compensação justa às famílias impactadas”, define o Governo.