A Coluna do Roberto Maciel: Vai trabalhar, Ciro Gomes!

• O ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), ex-ministro e perpétuo candidato a presidente da República, agora se assumindo como “coach” de pretendentes da política, entrou na discussão entre grupos da extrema-direita e da esquerda que se engalfinham no uso de bonés nos plenários do Congresso. E entrou de enxerido: não foi sequer chamado. Ciro apareceu nas redes sociais com uma boina na qual se escreveu: “Vão trabalhar vagabundos.” (assim mesmo: sem vírgula e com ponto final). Era uma provocação a um lado e outro, do tipo “em vez de estarem nessa guerrinha besta poderiam estar trabalhando”. Outro problema grave além da intromissão: o desempenho de Ciro Gomes como deputado federal, ainda pelo PSB, entre 2007 e 2010, foi considerado de uma pobreza franciscana. Os registros da Câmara apontam apenas 95 documentos com a assinatura dele – isso dá, em média, uma assinatura a cada 15 dias. A maioria é de requerimentos e relatorias. O site Congresso em Foco publicou em 2018, quando Ciro foi (mais uma vez) candidato a presidente da República: “Faltou a quase metade das sessões em plenário e praticamente ignorou as reuniões das comissões”.

Veja lá
O portal da Câmara dos Deputados na Internet tem, tintim por tintim, todas as informações acerca do mandato de Ciro Gomes (e de outros deputados, da ativa ou não). A leitora e o leitor curiosos podem conferir www.camara.leg.br.

Pode confirmar a minha ausência
Diz lá que em 2007 Ciro compareceu 83 vezes ao plenário e faltou em 44 dias, com ou sem justificativa. Em 2008, foi 42 vezes ao plenário e faltou em 58 dias. Em 2009, esteve em 76 ocasiões no plenário, ausentando-se em 40. O ano final foi, digamos, nem aí: em 201o, foi ao plenário em 23 dias e faltou em 58.

Deu moral
Conclui-se que, com currículo tão esburacado, Ciro Gomes poderia ter ido dormir sem que se vasculhassem as esquálidas participações dele na vida parlamentar.

Adivinhe se puder
Por falar em Ciro, vale lembrar que no mesmo dia em que apareceu na “guerra dos bonés” o deputado André Fernandes (PL), apoiado por ele no segundo turno da eleição municipal em Fortaleza, ressurgiu chamando seguidores para atos pelo impeachment de Lula no próximo dia 16. Não disse onde nem a que horas. Nem o motivo pelo qual está pedindo a afastamento do presidente.

Nota 10
Terminou ontem o prazo para que escolas públicas estaduais adotem “Cidadania e Controle Social das Contas Públicas” como disciplina eletiva. A iniciativa foi lançada pelo Instituto Plácido Castelo, do Tribunal de Contas do Ceará. Trata-se de uma forma de apresentar à juventude princípios da transparência na gestão de recursos públicos.

Essa ciranda quem me deu foi Lia

Boa pedida para formar e fortalecer conhecimentos e consciência social é a exposição “Lia de Itamaracá – Cirandar é Resistir”, montada na Caixa Cultural de Fortaleza até 11 de maio. A programação inclui até participações de Lia, hoje com 81 anos, em atividades em março.

Novo endereço
O PSB formalizou ontem a adesão de 12 deputados estaduais que eram do PDT. A filiação em massa foi comandada pelo senador Cid Gomes, que havia se tornado socialista em 2024 e vinha em embate com o irmão Ciro. Assim, segue para o cadafalso a influência política de Ciro Gomes. O ex-presidenciável ainda tinha alguma expressão no PDT, de certo modo compartilhando força com Cid.

Solução

No ato de ontem, com a presença do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (foto), e do presidente do PSB, Carlos Siqueira, determinou-se a necessidade de Ciro reconsiderar posições dos últimos anos, como o afastamento e a crítica grosseira contra rogressistas e a aproximação – em alguns casos, aliança – com a extrema-direita na qual se destacam Jair Bolsonaro e os filhos.

C’est fini
Para os que costumam aguardar “os próximos capítulos” nos cenários políticos, é bom compreender: esse pode ter sido o último capítulo para Ciro.