A Coluna do Roberto Maciel (terça, 2.7): Sem caneta e dinheiro, Bolsonaro terá cacife para o jogo eleitoral deste ano?

Só resta a Bolsonaro o que ele tem na boca e na cabeça
  • Frase do ex-presidente Jair Bolsonaro em evento no fim de semana passado em Belém (PA): “Para chegar em 2026, temos que passar por 2024. Por todos os municípios do Brasil”. A fala tem a ver com o coletivo, porque individualmente, como se sabe, é incompatível com o engodo em que ele se meteu: está inelegível por desonestidade política. Bolsonaro não diz, mas na obviedade que proferiu está uma prova de fogo. O que se há de testar neste ano é a real popularidade do ex-capitão. A ideia é vencer no maior número possível de municípios e assim fortalecer a capacidade de pressão e de articulação política do grupo – ao qual se atribui o golpe de Estado frustrado em 8 de janeiro de 2023. Mais do que isso, até: é dar ao próprio Bolsonaro um habeas-corpus, expedido pelas urnas, que o livre da cadeia por uma série de crimes, na qual constam o golpe em si e o roubo de joias do acervo presidencial. Há de se perguntar, porém, se tem mesmo musculatura eleitoral. Bolsonaro teria hoje o mesmo potencial de votos que tinha quando pagava motociatas com dinheiro público? De quando escancarava os cofres da Caixa Econômica aos eleitores? De quando pagava, sem controle, auxílios de saúde a apaniguados? De quando manobrava a Receita Federal para favorecer doadores de recursos para a campanha? Vai saber.

Conjuntura
Jair Bolsonaro não tem mais a caneta nem o poder. Resta a ele apenas o palavrório, não-raro ameaçador, que o caracteriza. Nem mesmo alguns dos fieis aliados de outrora permanecem com ele. Tem como vencer o desafio em condições diferentes das que tinha em 2022 – quando perdeu?

Espalhados
Em Fortaleza, três candidatos da extrema-direita disputam a condição de “afilhado” de Bolsonaro: André Fernandes, Eduardo Girão e Wagner Sousa. Na verdade, todos têm afinidades com o ex-presidente, mas só um poderá se identificar como ungido por ele. De resto, sobra a divisão do que já era esfarelado.

“Incompetente”
Para atiçar um tanto mais a fervura política, o presidente Lula avisou que vai mostrar a Bolsonaro que “quem está na presidência só perde uma eleição se for incompetente”. Lula tem até base para dizer isso: conseguiu se reeleger em 2006 e ajudou a eleger Dilma em 2010 – a presidenta se reelegeu em 2014.

Nova rodada
A Assembleia Legislativa repete nesta semana as atividades home office para deputados. Os parlamentares terão sessões ordinárias e reuniões de comissões em formato virtual. Já é a segunda semana de trabalho em modo extraordinário, consequência do incêndio que destruiu o plenário.

Feijão e conversa

Zena e Evandro

Engana-se quem acha que foi a agenda de pré-candidato a prefeito que levou o deputado Evandro Leitão (PT) ao popular Restaurante da Zena, em Fortaleza, no último fim de semana. Frequentador da Casa há anos, Evandro voltou lá para cumprimentar a proprietária, Zenilda Bezerra, que fez 77 anos de idade.

Última fila
Fortaleza recebeu uma modesta nota “C” na fase preliminar do Índice de Sustentabilidade Ambiental do Ceará. Dos 184 municípios, 125 se inscreveram para obter o Selo Município Verde, que já está na 15ª edição, concedido pela Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima. As notas variam de “A” (ninguém conseguiu esse indicador) a “C”. 

Fora da fila
Municípios expressivos, como Sobral, nem se animaram a participar. Outros de m´pedio e grande portes, como Aracati, Maracanaú, Amontada, Lavras da Mangabeira, Icapuí, Tianguá e Iguatu, foram olimpicamente desclassificados.

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