- Os indicadores de crimes violentos letais e intencionais do Ceará diminuíram 11% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2024. A notícia é ótima. Diz informe enviado ontem aos meios de comunicação pelo Palácio da Abolição: “As ações das Forças de Segurança no combate à criminalidade resultaram na diminuição de 11% nos índices de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs) em todo o Estado”. Mas há um equívoco na avaliação, é o que parece. Afinal, a contenção de taxas dessa natureza não depende apenas das tais “Forças de Segurança”. Há investimentos na geração de empregos, em escolas, nas políticas de nutrição e na distribuição de renda que não podem nem devem ser desprezados em estudos assim. É óbvio que a repressão policial e as ações ostensivas têm muito a ver com o eventual achatamento dos números, mas não são exclusivas. E está aí a falha na construção de uma peça política. Dar crédito só às “Forças de Segurança” é mais cabível a “capitães”, “sargentos” e “soldados” do que a quem quer libertar a sociedade limitada do dantesco noticiário policial.
Ainda é demais
Desde 2019 os índices de CVLIs não desinchavam tanto. Naquele ano, o primeiro trimestre havia registrado 545 ocorrências. Ainda hoje esse patamar é referência. Em 2024, o trimestre inicial teve 819 crimes violentos letais e intencionais (homicídios e feminicídios). Neste ano, foram 729 casos. Ainda são muitos, mas o caminho para combatê-los já está identificado.
Trabalho alheio
Ao destacar o papel das “Forças de Segurança” na redução da violência, o Governo do Ceará corre o risco de coonestar o discurso “mundo-cão” aplicado por arautos da barbárie, do “quanto-pior-melhor”. E esse não é o melhor rumo, pode-se dizer – nem como retórica nem como ação.
A César o que é de César
É claro que se deve dar o crédito devido às polícias militar e civil, além da perícia forense, no sobe e desce de números. Isso é, sobretudo, honesto. O que não se pode é deixar de citar o fato de que gerir a segurança é uma obrigação multidisciplinar, que envolve escolas, por exemplo – muito mais do que ofício das casernas.
Ambiente desafiador
Os 10 anos de implantação da Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Ceará (Sema) serão homenageados hoje por sessão na Assembleia Legislativa. Num cenário em que se torna cada vez mais desafiadores a preservação e o controle ambiental, muitas vezes ameaçados pela ilegalidade e pela ganância, a Sema foi constituída na gestão de Camilo Santana (PT) como governador.
Mutação
No início, o nome era só Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Depois, e por conta dos assustadores e nocivos efeitos de transformação climática, acrescentou-se o “e Mudança do Clima”. A sessão de hoje na Alece está marcada para começar às 14h30min. O requerimento foi do deputado Romeu Aldigueri (PSB), presidente da Casa.
Gente ingrata
O bolsonarismo-raiz no Ceará ficou sem a ala vip na mixuruca manifestação que domingo um grupinho fez na Praça Portugal, em Fortaleza, para tentar livrar a cara do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no golpe frustrado de 8 de janeiro de 2023. Deputados e vereadores que se elegeram com discursos de “prendo e arrebento” não deram o ar da graça. Deixaram o mito a ver navios. Nem o ex-deputado Heitor Freire, que no governo de Lula ganhou diretoria da Sudene, pintou na área. Nem os simpáticos megaempresários locais se coçaram para defender o líder.