- A semana começou com o Ceará abalado com uma escalada da violência incomum: chacinas em regiões diferentes do Estado estão pondo sob avaliação negativa as ações de segurança do Governo – que recentemente incorporou um novo integrante ao estafe do governador Elmano de Freitas, o delegado Roberto de Sá, novo titular da SSP. Há uma leitura imediata que circula para explicar a onda de mortes: facções estão brigando entre si. Ok, é válida essa análise, mas só no campo da hipóteses. Outras avaliações dão conta de que os grupos criminosos estão “apresentando credenciais” a Roberto Sá. E outras, ainda, indicam que interesses políticos estão movendo quadrilhas já de olho no poder a partir dos municípios, nos quais haverá eleições em outubro próximo. Qualquer que seja a hipótese adequada, devem-se aplicar sobre essa o peso da lei e o peso da política. Somente assim, mesmo que isso afete pretensões eleitorais de uns e outros, o Ceará poderá dar resposta aos delinquentes – inclusive os que têm ou planejam ter mandatos.
Sem folga
Elmano tirou parte do domingo para nova reunião com caciques da Segurança Pública. Sem citar valores, disse: “Estou tomando a decisão de garantir recurso financeiro para aumentar a capacidade de atuação das forças de segurança e assegurar atuação intensa nas comunidades, bairros, municípios e em todo o Ceará”.
Todos juntos
Ainda no domingo, o governador se reuniu com o presidente do Tribunal de Justiça do Ceará, desembargador Abelardo Benevides, e com o procurador-geral do Estado, Haley Carvalho. Na pauta, estratégias para estrangular as facções e, consequentemente, barrar oportunismos.
A conferir
A jornalista Inês Aparecida (foto), experiente, atenta e bem-informada, deu pausa na criteriosa produção do podcast As Cunhãs e notou, na rede social X, a coincidência de pronunciamentos da direita na Internet sobre a violência no Ceará. “Gravaram vídeos minutos após ocorrências de violência ontem (sexta-feira) à noite. Com muita informação e discurso bem ensaiadinho. Parece até que ‘previam’ os crimes”, escreveu.
Atlas
Há indicadores confiáveis para medidas contra a insegurança. Um desses se refere às vítimas. O Atlas da Violência aponta que 104 mil crianças e adolescentes de zero a 19 anos de idade foram mortas de 2012 a 2022. Mais de 81% foram vítimas de armas de fogo. Os dados foram apurados pela Agência Pública.
Sob suspeita
Trecho de texto da jornalista Marina Amaral, diretora-executiva a Agência Pública: “O impacto da liberação das armas nesses números é evidente não apenas por facilitar crimes domésticos e tiroteios (…), mas também por fornecer armas para delinquentes: pesquisa do Instituto Sou da Paz de 2022 mostrou que mais da metade das armas mais usadas em crimes têm origem legal”. Basta ligar os pontos.
A “fé” que sustenta as armas
Marina conclui: “São os políticos de extrema direita que apoiam projetos de lei que prejudicam mulheres e meninas e defendem com argumentos religiosos o porte indiscriminado de armas que mata crianças e adolescentes. Rotulá-los como evangélicos é colocar mais água no moinho deles”.
Dignidade
Será realizada hoje a terceira edição do mutirão Transforma, da Defensoria Pública do Ceará. A iniciativa modifica o nome e o gênero de homens e mulheres trans e travestis na certidão de nascimento. Neste ano, 199 pessoas devem ser favorecidas. O Transforma tem apoio da Corregedoria do Tribunal de Justiça, Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Ceará e Instituto de Estudos de Protesto de Títulos do Brasil.
Aqui, ali, alhures e algures
A Coluna do Roberto Maciel é publicada às terças e quintas-feiras e aos sábados no jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br) e no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). Os textos também estão em https://bit.ly/3q4AETZ. Leia e compartilhe.