A amiga Rochelle escreve sobre o seu trabalho no comando da administração dos Hospitais da Universidade Federal do Ceará. O das Clínicas e a Maternidade Escola. Fala da complexidade, da responsabilidade, de sua tripla jornada como profissional de gestão hospitalar, mãe, esposa, dona do lar. Há interpretações filosóficas e econômicas que chamam tudo isso que Rochelle faz de trabalho totalmente produtivo; e decisivo para a manutenção da vida. Sabemos que não é um pensamento comum e o quanto uma mulher que assume tarefas da dimensão das dela, sofre, enfim. São dificuldades que gratificam, fazem a gente se sentir importante, contudo, pesam e machucam, muitas vezes.
Leio também sobre a escuta atenta ao filho de 8 anos que diz sobre um cuidado que vai além de garantir comida, higiene, segurança física, conforto, até. É a segurança emocional como prioridade e real estrutura, amor sem medo. Trago Rochelle para a crônica para dar um pouco mais de eco à sua voz que nos representa, a todos e todas. Mulheres e homens unidos e conscientes da construção que já tarda e para a qual essa moça já arregaçou as mangas e a abraçou com determinação e alegria. Porque só conseguimos agir, por aqui, com essa parceira que nos faz seguir – aquela que é amiga da tristeza, porém a supera. A marca da cigarra que dá coragem à formiga.
O maior ativo do Brasil é esse entusiasmo de viver imotivado. Parafraseando a linguagem de uma jornalista especialista em economia, porém, lírica, de fato. Lirismo que embala o molejo dos dançantes, o som das batidas variadas, tão nossas, salvadoras, guias e alertas. Não tem organização nórdica que ganhe da brasileira e genuína celebração cotidiana. Com toda a admiração que esses povos das superfícies geladas, de verão quase inexistente, inspiram. Não é alienação, sequer superficialidade. Sinta o coração disparar ao ouvir a entrada de um maracatu e lembre sua alma em atividade junto, unida a outras almas.
Por isso o público é viável se tem como horizonte o bem comum. O coletivo é eficaz se conduz sua missão na soma dos indivíduos, na sintoniamaior que o egoísmo. Façamos viver o SUS na prática e com convicção. Sigamos Rochelle na sua empreitada.
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Tuty Osório é jornalista, especialista em pesquisa qualitativa e escritora.
São de sua lavra QUANDO FEVEREIRO CHEGOU (contos de 2022); SÔNIA VALÉRIA, A CABULOSA (quadrinhos com desenhos de Manu Coelho de 2023) e MEMÓRIAS SENTIMENTAIS DE MARIA AGUDA, dez crônicas, um conto e um ponto (crônicas e contos, também de 2023).
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SÔNIA VALÉRIA, A CABULOSA
QUANDO FEVEREIRO CHEGOU
MEMÓRIAS SENTIMENTAIS DE MARIA AGUDA
Em dezembro de 2024 lançou AS CRÔNICAS DA TUTY em edição impressa, com publicadas, inéditas, textos críticos e haicais.