Por Tuty Osório, jornalista e escritora:
Triste, olho para os conteúdos e não vejo nada.
Querendo, faço mais um esforço e encontro o que dizer. mesmo para hoje. É sobre palavras, de novo, mais especificamente sobre LIBERDADE. Anda distorcida, essa pobre, que já nasceu com problemas existenciais. Companheira da IGUALDADE e da FRATERNIDADE, fez a tríade com elas na Revolução Francesa. Só que nenhuma das três existiu para todos.
Imperfeita, a Revolução foi um avanço, na época. Retirou da realeza, da nobreza, o poder absoluto. Para entregá-lo nas mãos da burguesia que acabou querendo tudo só para ela. Daí veio o capitalismo, uma outra versão da opressão, o sufocamento dos vulneráveis, sempre paralisados por sua condição. De todo o modo, mexer com estrutura é bom. Para isso as revoluções foram inventadas.
Tomada por essa tristeza sem fim, iludo-me que me faltam assuntos para a crônica. Não faltam. Desde os PETS que cada vez ocupam mais espaço do bem nas vidas de muitas vidas. Às emoções das Olimpíadas. Comercial, ou não, há beleza nos jogos, nas apresentações. Não me enlevo pela competição, mas pelo bailado que é cada performance, individual ou em grupo.
Não se passa nada com o vazio do mundo. A informação, verdadeira e falsa, volteia em profusão. Voltas de parafuso, à parte, o fato é que estou triste. Não é pessimismo contemporâneo. É motivo pessoal. Motivo que vem da benção da amizade. Quando é verdadeira toma conta da gente na dor e na delícia. Assim é.
Faz rir, apesar de ser terrível sintoma de doença, a extrema direita francesa que nega os ideais da sua Revolução, talvez por os considerar, por demais, progressistas. Pois vem daí a queixa de que não há mais liberdade para desrespeitar, xingar, desqualificar, humilhar. Chamam a isso falta de liberdade de expressão.
Virou um festival de sandices, também entre nós. Bravatas mal elaboradas, disseminadas pelas redes sociais, como chuva em região tropical. O medo é o afeto. Há que lutar pelo antídoto que o mandará para longe.
Aí, então, seremos livres.
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Tuty Osório é jornalista, especialista em pesquisa qualitativa e escritora.
São de sua lavra QUANDO FEVEREIRO CHEGOU (contos de 2022); SÔNIA VALÉRIA, A CABULOSA (quadrinhos com desenhos de Manu Coelho de 2023) e MEMÓRIAS SENTIMENTAIS DE MARIA AGUDA, dez crônicas, um conto e um ponto (crônicas e contos, também de 2023).
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SÔNIA VALÉRIA, A CABULOSA
QUANDO FEVEREIRO CHEGOU
MEMÓRIAS SENTIMENTAIS DE MARIA AGUDA