A Crônica da Tuty: “Nossa sorte nesta guerra”

Da jornalista e escritora Tuty Osório:

Final de ano, sucedem-se os encontros marcados, eu sempre achando que essa marca teria que ser o ano todo. Para encontros de verdade, mais fraternidade e menos convenção. Mais abraços verdadeiros e menos performance.

O fato é que sou mesmo uma chata e pra ver se melhoro, um pouco, compareço a uns, estimulo e promovo outros. O resultado é sempre bom, conversas, cantorias, danças, o desafinado que se aventura no karaokê de notebook e é aplaudido carinhosamente, mais pela ousadia que pela bela voz da qual é desprovido.

Só importa a alegria. Importa que nos importamos uns com os outros. Que houve promoção de espumante, a polaca do Alasca substitui lindamente o peixe que dava origem ao tradicional bacalhau.

Conversas vão e vêm, o assunto Maria da Penha (foto acima), covardemente, desqualificada num documentário infame que circula na internet é inevitável. Não há defensores da ignomínia. Era só o que faltava. No entanto, sinto que há ainda mais o que radicalizar na condenação dessas pessoas estúpidas que têm o topete de relativizar o sofrimento da Valente Mulher que é NOME DE LEI QUE CRIMINALIZA A VIOLÊNCIA CONTRA TODAS MULHERES.

Não há o que discutir. Visões divergentes de qual mundo cada qual deseja são até aceitáveis, em alguns casos. Mas chegar ao ponto de defender um agressor, atingindo absurdamente a dignidade da agredida é inadmissível. Intolerável.

É urgente que essas pessoas não se sintam liberadas para esse tipo de discurso. Em tempos recentes as mulheres perdiam o direito à convivência com os filhos se desafiassem os maridos. Não tinham como sobreviver, inclusive. Hoje ainda há dificuldades, sobretudo porque ainda permanece, embora não prevaleça, a cultura da superioridade masculina. Um documentário desses é crime, legal e moral. Maria da Penha tem que ser nomeada apenas para ser enaltecida na sua coragem. Para que jamais se repita a sua difícil história. Família é amor, respeito, proteção contra as ameaças. Seja qual for a sua configuração. Relativizar opressão e violência tem que receber punição, desprezo, impossibilidade de ocupação de qualquer espaço.

*** ***

Tuty Osório é jornalista, especialista em pesquisa qualitativa e escritora.

São de sua lavra AS CRÔNICAS DA TUTY (crônicas de 2024), QUANDO FEVEREIRO CHEGOU (contos de 2022); SÔNIA VALÉRIA, A CABULOSA (quadrinhos com desenhos de Manu Coelho de 2023) e MEMÓRIAS SENTIMENTAIS DE MARIA AGUDA, dez crônicas, um conto e um ponto (crônicas e contos, também de 2023).

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