Por Roberto Maciel, editor do portal InvestNE:
Como costumo fazer nas manhãs em que dirijo, sintonizei hoje o rádio numa emissora noticiosa. Era a Band News. Estava falando um certo Carlos Andreazza, comentarista político que prima por se mostrar simpatizante da extrema-direita. Como em outras ocasiões, Andreazza transbordava indignação com o fato de o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes ter, além de aplicar uma lustrosa tornozeleira eletrônica na canela do ex-presidente Jair Bolsonaro, o proibido de incentivar seguidores a atos antidemocráticos por meio das redes sociais – foi nesse campo em que prosperou o “gabinete do ódio”, gangue remunerada pelo incauto contribuinte, formado para espalhar mentiras na Internet.
Fulo da vida, Andreazza dizia que Moraes estava criando jurisprudência ao afastar Bolsonaro das redes sociais. Não é verdade. Fui pesquisar na Internet e achei isso:
“O Código Penal Brasileiro (Decreto-Lei nº 2.848/1940) não possui um capítulo específico para crimes em redes sociais, mas diversas condutas praticadas nesse ambiente são tipificadas como crimes sob diferentes artigos. Além disso, projetos de lei e medidas provisórias tramitam para atualizar a legislação e abranger as especificidades dos crimes cibernéticos, como invasão de perfis e manipulação de imagens.
Entre outros, constavam menções a crimes mais comuns em redes sociais e suas tipificações no Código Penal:
– Crimes contra a honra: Difamação (art. 139), Injúria (art. 140) e Calúnia (art. 138).
– Ameaça: Art. 147 do Código Penal.
– Estelionato: Art. 171 do Código Penal, com alterações recentes para crimes praticados eletronicamente.
– Difamação e injúria em redes sociais: O § 2º do art. 141 do Código Penal prevê o aumento da pena para crimes contra a honra cometidos ou divulgados em redes sociais, conforme aponta o Jusbrasil”.
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Entendeu? Bolsonaro segura um leque de delitos na mão, mas Andreazza não enxerga isso. Ou enxerga mas esconde. Acha, e sugere publicamente, que Moraes está sendo “criativo” como não caberia a um magistrado.
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No entanto, é necessário que se conheça a folha corrida do tal Carlos Andreazza. Sabe-se, do passado dele, que dedicou-se por um tempo à tarefa de ser editor de livros na editora Record. Foi lá que lançou, por assim dizer, o astrólogo Olavo de Carvalho como formulador de discussões, como “filósofo”. Olavo, a história conta, cimentou com ofensas a adversários e desafetos, fake news, preconceito e violência verbal a base do que hoje se chama “bolsonarismo”.
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Fui mais uma vez às veredas da web e encontrei um bom texto do jornalista Pedro Zambarda, no Diário do Centro do Mundo, sobre o trancelim entre Andreazza e Olavo. Confira:
Fazer o Olavo pop. Digamos assim: hypar o Olavo. Isso é fácil. Até porque o Olavo é um personagem midiático, né? Tem uma obra monumental, consistente. É um baita filósofo. Pensador. Só que ele está nas redes sociais. Faz vídeos. Tinha aquele True Outspeak (podcast dos primórdios do olavismo). É isso que a gente [editora] queria. Dai abriu a pré-venda. E, sem brincadeira, em três dias, sem que o livro existisse fisicamente, ainda não havia sido impresso, ele acabou.
Essas palavras são de Carlos Andreazza em um vídeo gravado pela produtora olavista Brasil Paralelo.
A gravação é de 3 de novembro de 2018 e fez parte da série “Congresso Brasil Paralelo“, de uma empresa de extrema-direita que defende a ditadura militar e tem uma abordagem revisionista da história.
Carlos Andreazza foi responsável por uma guinada à direita na casa, “contra o politicamente correto”.
Promoveu o economista xarope Rodrigo Constantino, por exemplo, além de Bruno Garschagen, Lobão e o conservador britânico Roger Scruton.
Mas foi com Olavo de Carvalho que ele ganhou dinheiro.
A íntegra está aqui:
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Dá para perceber, então, o porquê de Carlos Andreazza correr com tanta fúria para acusar Alexandre de Moraes de cometer ilegalidades.
Nem sempre a expressão “faz sentido” faz tanto sentido.
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