Texto do jornalista Roberto Maciel, editor do InvestNE:
Chama-se “Lei Oruam” um projeto que tem pipocado aqui, ali e alhures. A referência é ao cantor de trap (variação do rap) Oruam, na verdade Mauro Davi dos Santos Nepomuceno. Filho do traficante Marcinho VP – ou melhor, Márcio dos Santos Nepomuceno -, Oruam tem feito sucesso nas periferias por desfilar letras até grosseiras em que fala sobre a realidade em comunidades pobres – o que inclui a violência, o desemprego e o consumo de drogas, evidentemente.
A temática abordada por Oruam, dura e às vezes impactante, desagradou uma vereadora bolsonarista de São Paulo, chamada Amanda Vetorazzo. Ela apresentou, mal assumiu o mandato, proposta em que tenta proibir o poder público de patrocinar eventos em que se exibam artistas como o filho de Marcinho VP. E, como a provocar e a tentar diminuir o cantor, batizou de “Lei Oruam” a matéria que havia posto a tramitar.
Como as câmaras municipais são paraísos de clonagem de projetos, outras casas ganharam versões da “Lei Oruam” – entre essas está a Câmara de Fortaleza, mas também está a Câmara dos Deputados.
Oruam não se inibe de vestir camisetas com foto do pai e o texto “Liberdade para Marcinho VP”. Ele ainda exibe uma tatuagem com o rosto do traficante “Elias Maluco”, psicopata responsável pela execução do jornalista Tim Lopes, do mesmo jeito que o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) ostenta no braço um desenho com a cara do ex-presidente Jair Bolsonaro.
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Há um clima muito pesado entre as periferias e a política – sobretudo a excludente, preconceituosa e discriminadora.
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Passando para outros personagens, tem se destacado também na seara do delito – em especial o de tentar destruir a Democracia com um golpe de Estado – um político ao qual chamaremos aqui de “Odraude”.
Trata-se do deputado federal Eduardo Bolsonaro. Assim como Amanda Vetorazzo, garimpa votos em São Paulo e é do PL. Odraude é outro filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, tornado inelegível por conspirar contra o Brasil e denunciado à Justiça Federal por golpe de estado em 8 de janeiro de 2023.
Odraude já foi este ano quatro vezes aos Estados Unidos, sempre metendo para isso a mão nos cofres públicos. Isso dá, em média, uma viagem às expensas do contribuinte a cada duas semanas. Tem visitando representantes da extrema-direita e, sem pudor, feito denúncias ficcionais contra o Governo e o Judiciário brasileiros. Mente que nem sente. Diz que há aqui uma ditadura que persegue adversários.
Incapaz de notar o ridículo em que se transformou, Odraude, que se diz e que é adversário do poder instituído, nunca explica o porquê de ter tanta liberdade para viajar duas vezes por mês para fazer discursos e pedidos contra a Nação à qual pertence e a qual deveria defender.
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Mas é fato: filhos que são, têm mesmo é que defender os pais – errados, erráticos, delinquentes… Sempre serão pais. Um dia tiveram os filhos nos braços, os embalaram e ensinaram coisas.
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Não é difícil de acreditar que Odraude um dia aparecerá com uma camiseta estampada: “Liberdade para Jair Bolsonaro”.
Pode ser que assim tire a com a qual homenageia o facínora coronel Brilhante Ustra, psicopata como Elias Maluco, que tornou a tortura troféu da ditadura e que virou “mito” do pai do bisonho Odraude.