Texto do jornalista Roberto Maciel, editor do portal InvestNE:
O terreiro do bolsonarismo em Fortaleza já não respira os mesmos ares com a mesma tranquilidade. Os candidatos André Fernandes (PL) e Wagner Sousa (UB), que trafegam entre eleitores da extrema-direita com igual desenvoltura, alinhando ideias e falas às do ex-presidente Jair Bolsonaro, se estranharam nesta semana. Soltaram gases da discórdia no mesmo quarto e estão agora se acusando mutuamente.
Foi Wagner quem buliu no vespeiro. Fez o que a esquerda tem feito nas redes sociais faz alguns meses: expôs vídeos em que André aparece cheirando um certo tipo de pó, simulando ser cocaína, esfaqueando um pedaço de papelão que chama de “namorada” e gargalhando com jeito esquizofrênico.
A esquerda ainda não havia apresentado as baixarias de André, reminiscência dos tempos de youtuber, na propaganda eleitoral gratuita. Limitava-se ao Instagram, Tik-Tok e Kwai e ao Whats App. Wagner, de quem André não esperava o golpe, tratou de por os absurdos na vitrine.
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André reagiu – queimou ruim, como se diz. Atacou o ex-capitão da PM e o acusou de deslealdade. Alegou que fez os vídeos numa brincadeira de adolescente e que o pó era sal. Ao que parece, a reação não deve parar por aí. Se for dado troco, pode apostar, será no estilo que André Fernandes demonstra cultivar – mal-educado, mimado, rancoroso.
Wagner reagiu à reação, como o leitor e a leitora podem ver no vídeo acima. Disse que há 12 anos leva pancadas na política de Fortaleza, mencionando os irmãos Ferreira Gomes e o PT como os algozes – o que é uma inverdade, mesmo que leve, já que em 2012 estava ele nos palanques petistas apoiando a candidatura a prefeito do hoje governador Elmano de Freitas. Ainda chamou o outro de imaturo.
Essas farpas entre os bolsominions são o exercício da divergência, embora com tempero mais ardido. Mas isso é saudável. É natural da Democracia.
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E é bom que Wagner e André aprendam que a vida política é assim mesmo.
Eles que se entendam. Ou que briguem.